Live no perfil da Produzindo Certo no Instagram promove as ideias de João Pacífico, um ativista e comunicador do mercado financeiro
“Negócios não podem ser feitos a qualquer custo”. “Acho muito miserável uma empresa que tem como único objetivo maximizar o lucro para o acionista”. “A gente tem que pensar que onde a gente coloca o nosso dinheiro, ele está nutrindo aquilo lá. É como se você tivesse plantando algo”.
Frases como essas estão na fala inspiradora de João Paulo Pacífico, que se autodenomina CEO ativista do Grupo Gaia, uma das principais securitizadoras do mercado e destaque em operações envolvendo Certificados de Recebíveis Agrícolas (CRAs).
O executivo explicou suas ideias durante uma live realizada no perfil da Produzindo Certo no Instagram no dia 5 de outubro. Conduzida pelo jornalista Luiz Fernando Sá, o encontro buscou dar voz a líderes de áreas ligadas ao agronegócio como o mercado financeiro, o meio empresarial e produtores rurais.
Escolhida para abrir a série de lives, a Gaia é uma empresa B Corp, certificação internacional que comprova o atendimento a padrões rigorosos de desempenho social e ambiental, responsabilidade e transparência. E além de referência no mercado de finanças com impacto, atua no agronegócio desde 2012. João Pacífico conta que quando começou a fazer as primeiras operações, enfrentou barreiras e restrições. O agro era o patinho feio do mercado financeiro.
“Hoje, o agro é muito bem quisto pela Faria Lima (avenida que concentra a sede de bancos, corretoras e outras instituições financeiras em São Paulo). Os investidores gostam sim do agronegócio, tem muito financiamento acontecendo. Porém, a Faria Lima não está dando o devido valor para o ambiental, o social e a governança. Isso está só começando”, avalia. “O agro é muito relevante pra todo mundo. É um dos poucos setores que afeta 100% das pessoas”, enfatiza Pacífico, destacando ainda a relevância do olhar para os riscos e os efeitos de longo prazo dos investimentos.
E é aí que entram os novos instrumentos de financiamento como investimentos de impacto e títulos verdes (green bonds), interessados não apenas no retorno financeiro dos negócios, mas também nos efeitos positivos que possam causar no médio e longo prazo. O cenário atual ainda é pequeno no Brasil, mas ele acredita que há muito potencial de crescimento.
Como securatizadora, a Gaia faz a ponte direta entre o investidor e o produtor rural, sem a intermediação de um banco tradicional. Segundo Pacífico, esse é um dos fundamentos que permitem o financiamento agrícola com menor custo. “Tende a trazer maior transparência para o processo, eficiência de taxa e uma burocracia normalmente menor”, explica.
Ele também apresentou alguns detalhes sobre uma nova oportunidade de crédito e seguro agrícola, em desenvolvimento conjunto pela Gaia, a Produzindo Certo e a Traive Finance. A proposta quer operacionalizar a emissão de um título verde, destinado a produtores rurais com gestão socioambiental diferenciada. “A Gaia está indo muito nessa linha de fazer negócios de impacto. Nesse caso específico, o produtor que está cumprindo o social e o ambiental recebe um dinheiro que ele não receberia normalmente. A Traive e a Produzindo Certo verificam se o que ele falou que ía fazer, está fazendo. Todo mundo ganha. O planeta ganha, o produtor ganha, o investidor ganha. Acho que é um caminho que vai crescer cada vez mais”, opina. Leia mais sobre essa oportunidade do mercado de finanças verdes aqui.
Confira a íntegra da primeira live do Vozes Responsáveis
Algumas das opiniões de João Pacífico:
- “Por que a ciência mostra que trabalhar em algo de forma voluntária deixa alguém mais feliz? Por outro lado, tem empresas que estão pagando muito dinheiro para atrair funcionários. O que tem diferença entre essas duas? Uma tem propósito e a outra não tem. O que queremos fazer é juntar as duas coisas”.
- “O ativismo é o propósito em ação. Acho muito miserável uma empresa que tem como único objetivo maximizar o lucro para o acionista”.
- “Quando você encontra um propósito no seu trabalho, as coisas fazem muito mais sentido”.
- “A gente come o que vem do agro. É o alimento pra você, pro seu filho”.
- “Você tem duas opções, investimento de impacto e investimento sem impacto. Eu imagino que todo mundo queira investimento com impacto. E não é doação, tô falando de investimento. É você colocar e receber o seu dinheiro de volta, mas causando um impacto positivo no mundo”.
- “Manter uma área de proteção ambiental até maior do que tem que ter, uma condição mais justa e digna para as pessoas que trabalham com você, custa mais. Acho que o investidor tem que parabenizar quem faz isso. E topar receber um pouco menos”.
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