É que o diz o produtor, engenheiro agrônomo e especialista em produção de cachaça convidado para a 5ª edição do Vozes Responsáveis
Maurílio Figueiredo Cristófani é a quinta geração da família a frente da Fazenda Barra Grande, propriedade de Itirapuã, no interior de São Paulo, conhecida por produzir uma das melhores cachaças do Brasil, de acordo com o ranking da Cúpula da Cachaça, que é divulgado a cada dois anos no Caderno Paladar, do Jornal O Estado de São Paulo.
Além da produção artesanal e tradicional das cachaças Barra Grande e Santo Grau, a fazenda também investe em outras atividades, como café, pecuária e turismo rural.
Combinar perfeitamente a tradição com o uso de tecnologias modernas é um dos grandes diferenciais da propriedade, que também é uma referência nacional em sustentabilidade e carrega, em alguns de seus rótulos, o Selo Produzindo Certo.
Ao mesmo tempo que usa 100% de energia solar e conta com aplicativos e drones em processos importantes na gestão, a fazenda mantém a produção artesanal das cachaças, com um engenho movido a água, o corte manual da cana e o envelhecimento em barris de carvalho que são únicos no Brasil.
E é essa experiência a frente de uma das propriedades mais tracionais de São Paulo e do Brasil que Maurílio Figueiredo vai compartilhar na 5ª edição da série de lives Vozes Responsáveis, que será realizada na próxima terça-feira, dia 10 de maio. A transmissão será a partir das 19h, pelo canal do YouTube da Produzindo Certo.
Com o tema “A Fazenda na Palma da Mão”, o evento vai reunir especialistas e produtores para discutir o potencial, os resultados atuais e as perspectivas em relação ao uso de tecnologias e aplicativos dedicados ao agronegócio. E mais, durante a live será realizado o lançamento exclusivo do novo aplicativo da Produzindo Certo, totalmente dedicado aos produtores rurais.
Na entrevista a seguir, Maurílio nos conta como é a relação dele hoje com as novas tecnologias e como elas são importantes para aumentar a eficiência, a sustentabilidade e dar visibilidade aos produtos e ao trabalho realizado na Fazenda Barra Grande.
O tema da 5ª edição dos Vozes Responsáveis é “A Fazenda na Palma da Mão”. O evento vai discutir principalmente o uso de tecnologias no campo. Como é o uso das tecnologias hoje na Fazenda Barra Grande?
A gente usa diversas tecnologias na fazenda Barra Grande, tecnologias para conexão, monitoramento, drones em aplicações, tecnologias novas e sustentáveis, como a energia fotovoltaica. A fazenda hoje é 100% energia solar. Assim como a gente resgata as mais antigas. A gente hoje tem o moinho mais antigo movido por roda d´água do Estado de São Paulo. Um dos únicos do Brasil movido por roda d´água. Nós temos uma cachaça de alto padrão. E a fazenda também produz café, cana-de-açúcar, pecuária, madeiras nobres. Além da cachaça, a gente produz o fubá também que é feito em moinho de pedra movido por roda d´água. A gente usa tecnologia nas lavouras. Por exemplo, nós estamos adotando a polinização com abelhas para aumentar a produtividade. A gente usa diversos produtos inovadores em termos de nutrientes, liberação gradual.
Como investir nas novas tecnologias, sem perder a tradição, como é o caso da Fazenda Barra Grande na produção das cachaças?
É o que a gente faz hoje. Manter as tradições, mas ao mesmo tempo ter tecnologia. A gente tem um engenho centenário, preservando as formas artesanais de produção. Porém, a gente tem um produto de alta qualidade e premiado porque a gente fez umas adequações na forma de produção. Então, sem perder a tradição, a gente está sempre trazendo novas tecnologias.
Como é a sua relação com a tecnologia?
A gente está muito aberto as tecnologias. A gente usa bastante em diversos setores. Além das principais atividades, que são o café, a cana-de-açúcar, a pecuária, a produção de cachaça, hoje nós temos também o turismo rural, a visitação na fazenda divulgando a tradição da produção, a história da fazenda. Hoje eu sou a quinta geração da família. A fazenda existe desde 1860, antes da abolição dos escravos ainda. Nós só estamos aqui hoje por causa dessa abertura a tecnologia, o que traz cada vez mais ganhos de produtividade e visibilidade para o que a gente faz.
Você usa aplicativos normalmente no dia a dia de trabalho na fazenda? Se sim, o que você busca com eles?
Olha, eu uso alguns aplicativos, mas poderia até usar mais. A gente usa aplicativos para ver a previsão do tempo, alguns de monitoramento via satélite para fazer o levantamento de áreas são bem utilizados aqui por nós. Mas os aplicativos em geral, pegando os de grande uso, como os de bancos, de mensagens, esses aí deram uma guinada muito grande na comunicação e trouxeram agilidade. Eu acho que a difusão dos aplicativos vai se dar cada vez mais, principalmente quando eles têm uma função de facilitar a vida das pessoas. A gente tem aplicativo, por exemplo, que eu uso para monitorar a usina solar, tem aplicativos que eu uso para visualizar a fazenda pelo monitoramento por câmeras, aplicativo para ligar e desligar alarmes. Então a gente tem uma porção de ferramentas e aplicativos para diversas coisas.
Você acha que o aplicativo da Produzindo Certo vai trazer vantagens para o produtor? Quais?
Eu imagino que seja muito útil, até porque o pessoal tem muita experiência com isso e sabe o que o produtor precisa. Espero que venha a trazer mais vantagens para nós que estamos na plataforma e somos certificados pela Produzindo Certo.
Qual o papel da tecnologia na busca por uma produção agropecuária mais sustentável?
Tem tudo a ver. Nós sempre buscamos essa questão da sustentabilidade. Antes de sermos certificados pela Produzindo Certo, nós fomos por dois anos consecutivos finalistas do Prêmio Fazenda Sustentável, da Revista Globo Rural, e fomos finalistas do Prêmio Novo Agro, do Banco Santander e da Esalq/USP. O tripé da sustentabilidade, que é o econômico, o social e o ambiental, nós temos feito, graças a Deus, muito bem-feito. Foi um longo trabalho e, se não fosse a tecnologia a gente não estaria onde a gente está hoje. A gente precisa dela para poder cada vez se desenvolver mais e temos que estar abertos. Que venham novas tecnologias para conseguirmos cada vez mais fazer um melhor trabalho em cima dessa questão.