Democratização do acesso às boas práticas agrícolas e socioambientais será tema de debate na série Vozes Responsáveis
Esta nova edição da série Notícias Responsáveis é, na verdade, um convite. Para uma reflexão e para uma discussão em torno de um tema em torno do qual temos falado bastante, mas que ainda carece de mais debate e conscientização: a democratização do acesso às boas práticas agrícolas e socioambientais, fazendo-as chegar aos pequenos produtores.
Pequenos e médios também sofrem uma pressão enorme sobre a otimização do uso dos nossos recursos naturais. Mas carecem de condições financeiras e técnicas para responder a tal pressão. Além de recursos financeiros, eles têm dificuldade de obter assistência técnica voltada à sustentabilidade.
Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural (Asbraer), o Brasil conta hoje com 12,7 mil extensionistas, que atendem a 2,2 milhões de propriedades rurais familiares (Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural, 2017).
O número é grande, mas representa menos da metade do total de estabelecimentos agropecuários no País. Ou seja, a outra metade fica à margem desse serviço essencial para levar educação e conhecimento ao campo.
Só quem ouve os relatos desses agricultores é capaz de entender como cada pequena medida, cada mínimo investimento, cada orientação básica pode fazer diferença na qualidade da sua produção – e, consequentemente, da sua qualidade de vida. Muitos deles não sabem o que deve ser feito. E os que sabem, nem sempre são capazes de custear as adequações necessárias.
Imagine, então, certificar essa produção – exigência cada dia mais frequente dos compradores de nossos produtos agropecuários. Processos de certificação são, geralmente, desgastantes, complexos e caros. Mais que isso: são apenas o início de uma caminhada.
Por isso, o convite que faço é para que todos se juntem à Produzindo Certo, à Aliança da Terra e à iniciativa REM-MT em uma live que realizamos na sexta-feira, 29 de setembro, a partir de 11h, em uma edição especial da nossa série de eventos Vozes Responsáveis. Vamos apresentar ali um exemplo real de projeto que retrata toda a trajetória de um grupo de 14 pequenos sojicultores do Mato Grosso para superar esses desafios em busca de uma certificação RTRS.
Eles almejam e estão próximos hoje de um reconhecimento maior para o seu trabalho, algo que frequentemente só é obtido por médios e grandes produtores. Há alguns meses, nem eles mesmos acreditavam ser possível, mas foram mobilizados e convencidos por nossos técnicos de campo, que levaram a eles a mensagem de que não estariam sozinhos nesse caminho. Teriam apoio financeiro do REM-MT e técnico da Produzindo Certo e da Aliança da Terra.
Sem isso, é importante que se saiba, a conta não fecha. Produção responsável, resultando ou não em certificação, é compromisso de longo prazo com as boas práticas. No caso da certificação, um compromisso que passa por auditorias anuais, em processos cada vez mais exigentes, com critérios mais complexos à medida em que avançam.
Engajado, o produtor compreende e encara as dificuldades. Dá um jeito, entende que precisa fazer sua parte. E espera pelas contrapartidas do mercado, que deveriam vir através do pagamento de prêmios pagos pelos compradores e com a comercialização de créditos de soja responsável, quando aplicáveis.
Mas será que o mercado, que tanto anuncia a pressão da originação de soja responsável, tem feito a sua parte? Existe mais oferta de grão certificado do que negócios efetivamente feitos, gerando o risco de desestímulo em parte da cadeia.
No programa Soja Responsável, a previsão é estar com os pequenos produtores por pelo menos cinco anos. É tempo suficiente para que todos entendam que o futuro da produção responsável está na inclusão, isto é, em abrir caminhos para que os pequenos produtores incorporem práticas sustentáveis ao seu cotidiano produtivo.
Sem elas, eles ficarão cada vez mais distantes das exigências de um mercado consumidor também em transformação. Porém, não se faz transição de modelo produtivo sem apoio técnico, sobretudo ao pequeno produtor.
O debate do dia 29 pretende dar uma contribuição nesse sentido. Venha conversar conosco.
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