Desde o final dos anos 1970, a produção de grãos no Brasil cresceu cinco vezes, enquanto a área cultivada aumentou em uma proporção muito menor. Esse avanço foi possível graças à pesquisa, novas tecnologias, fertilizantes mais eficientes e cultivares adaptadas ao clima tropical.
Agora, o setor pode estar às vésperas de um novo salto com a chegada da inteligência artificial, que já provou seu valor no campo, desde sistemas de previsão climática até softwares de monitoramento de pragas. E novas tecnologias prometem elevar ainda mais esse patamar.
A Psyche Aerospace, empresa brasileira especializada em inovação para o agro, lançou em janeiro a plataforma Turing, uma IA que promete revolucionar a gestão agrícola que está sendo chamada de ChatGPT do agro, em referência à ferramenta amplamente conhecida da OpenAI.
Desenvolvida por um time de especialistas liderado por Anderson Rocha, professor da Unicamp e AI Advisor da empresa, a ferramenta se propõe a integrar e analisar dados do solo, clima e cultivos de uma propriedade, combinando essas informações com bases de dados públicas, como as da Embrapa.
A Turing é apresentada como um sistema de inteligência artificial voltado para a tomada de decisões estratégicas no agro. O software utiliza machine learning e análise preditiva para identificar padrões, sugerir intervenções antecipadas e automatizar processos. O aplicativo também se destaca por sua convergência com outras tecnologias já desenvolvidas pela empresa, incluindo drones autônomos e robótica aplicada ao campo.
Entre as soluções da empresa está o drone Sabiá, que mapeia 125 hectares por hora, e o modelo Carcará, com capacidade de cobertura de 400 hectares por hora. Já os pulverizadores autônomos Harpia e Harpia Hexa chegam a cobrir entre 40 e 50 hectares por hora.
Todos esses equipamentos são projetados para gerar dados de alta precisão que alimentam a plataforma Turing, permitindo um monitoramento detalhado de estresse hídrico, deficiências nutricionais do solo, incidência de pragas e outros fatores que impactam a produtividade.
Como parte do plano de ampliar o acesso à tecnologia, a empresa pretende oferecer uma versão gratuita para o produtor e planos empresariais, com valores entre R$ 250 e R$ 2,5 mil, com a possibilidade de inclusão de mais perfis dentro da plataforma, conforme do reportagem do AgFeed sobre o lançamento.
“Queremos criar uma cadeia virtuosa no agro brasileiro que dará resultados em todas as esferas, gerando uma economia mais forte, sustentável e trazendo mais comida na mesa das pessoas”, destaca Gabriel Leal, CEO e fundador da Psyche.
A inserção da inteligência artificial no agronegócio é um reflexo do momento de inovação que o setor vive. Com a automação crescente e a integração de sistemas inteligentes, a digitalização do campo tende a se intensificar nos próximos anos. O que mais pode surgir quando falamos de IA no agro? É uma questão que ganha relevância conforme novas tecnologias emergem e se tornam acessíveis a um número cada vez maior de produtores.