Diante dos desafios climáticos, cresce a pressão — e também as oportunidades — para que a agricultura assuma um papel central na regeneração ambiental. Mas como transformar o agro em uma força ativa na solução da crise climática? Foi essa pergunta que norteou o evento “Futuro Regenerativo: O agro como solução climática”, realizado na última quinta-feira, 10 de abril, no Cubo Itaú, em São Paulo.
Promovido pelo Portal Reset, em parceria com a Produzindo Certo, o encontro reuniu especialistas, produtores, empresas e organizações que estão na linha de frente de uma nova forma de pensar o campo.
Participaram do evento nomes como André Germanos, gerente de Negócios de Carbono e Agricultura Regenerativa para a América Latina na ADM, Charton Locks, diretor operacional da Produzindo Certo, Maira Lelis, produtora rural e sócia da Fazenda Santa Helena e Paulo Pianez, diretor global de Sustentabilidade da BRF/Marfrig.
O foco foi claro: discutir práticas que vão além da sustentabilidade, mirando a regeneração dos ecossistemas agrícolas. Isso inclui melhorar a saúde dos solos, conservar água, aumentar a biodiversidade e reduzir emissões de carbono — tudo isso sem deixar de lado a rentabilidade do produtor.
O evento também abordou os caminhos possíveis para escalar essas soluções, apontando o papel da tecnologia, do financiamento adequado e, principalmente, da colaboração entre os diversos elos da cadeia.
A CEO da Produzindo Certo, Aline Locks, celebrou a realização conjunta do evento. “Foi uma alegria enorme co-realizar o evento “Futuro Regenerativo: O agro como solução climática” ao lado de parceiros tão inspiradores. Em nome da Produzindo Certo, quero agradecer à Reset, especialmente à Vanessa Adachi, pelo convite para participar dessa iniciativa tão necessária para o agro e para o clima e todos os apoiadores que se juntaram a nós”, afirmou.
Aline também destacou o potencial transformador do agro. “Os desafios climáticos já estão batendo à nossa porta, mas o agro é, sem dúvida, parte fundamental das soluções. Mais do que desafios, falamos sobre oportunidades concretas: transformar nossa produção, regenerar solos, preservar água e biodiversidade, gerando valor real para quem faz acontecer no campo todos os dias.”
Segundo ela, a Produzindo Certo aposta na força das conexões. “Acreditamos profundamente no poder da colaboração, na tecnologia como grande aliada, e principalmente nas pessoas: nos produtores dispostos a inovar e nas empresas comprometidas com um futuro sustentável. Que as trocas realizadas inspirem novos caminhos e ações concretas para todos nós.”
Regenerar é preciso — e possível
A agricultura regenerativa foi apresentada como uma resposta viável e necessária — mas que requer mudanças estruturais. Um dos pontos levantados foi a importância de adaptar metodologias internacionais ao contexto brasileiro, respeitando as realidades do clima, do solo e das culturas tropicais.
Outro destaque foi a demanda crescente por alimentos e fibras regenerativos, especialmente por parte de mercados mais exigentes e consumidores atentos à origem dos produtos.
A produção de baixo carbono, no entanto, ainda enfrenta desafios. Especialistas lembraram que não basta exigir do produtor, é preciso oferecer suporte técnico, mecanismos de remuneração justa e segurança para investir em novas práticas.
Em muitos casos, os resultados da regeneração aparecem no médio e longo prazo — e isso exige um novo olhar do setor financeiro e das políticas públicas.
Colocar o produtor rural como protagonista da regeneração foi um ponto unânime entre os participantes. A transformação não acontecerá sem capacitação técnica, sem modelos de incentivo justos e sem que se reconheça o papel essencial de quem está no campo. O evento reforçou que o agro regenerativo exige inovação, sim, mas também escuta, apoio e visão de longo prazo.
Com experiências práticas, números de impacto e discussões sobre métricas e financiamento, o “Futuro Regenerativo” deixou claro que o caminho está aberto. A transição já começou — e pode posicionar o Brasil como referência mundial em uma nova lógica de produção agropecuária.