Ele chegou à Produzindo Certo sem saber exatamente onde estava entrando, mas descobriu que sua conexão com o lugar era muito maior do que poderia imaginar
Diogo dos Reis Almeida tem apenas 18 anos e, como muitos jovens de sua idade, é fã de videogame, tem até agenda semanal para a diversão. Também gosta de pedalar, curte diferentes estilos musicais – principalmente as bandas de Rock’n’Roll (dos pesados AC/DC e Linkin Park ao divertido American Authors) e o modão sertanejo (influência de seu pai) – e se orgulha da facilidade para montar quebra-cabeças (abaixo de 500 peças ele pode nem se interessar). Mas por trás de tudo isso, ou até pela mistura desses e de outros fatores, há façanhas que fogem do roteiro mais comum ao pessoal que ainda nem completou duas décadas de vida.
Aluno do terceiro período do curso de engenharia de software, no Instituto Federal de Goiás – Campus Inhumas, Diogo é hoje Programador Júnior da Produzindo Certo, cargo que ocupa desde dezembro do ano passado. Chegou a empresa em maio de 2022, como estagiário do setor de TI, apenas dois meses após ter ingressado na faculdade.
“Eu não conhecia a Produzindo Certo, só fui descobrir quando vi a vaga e pesquisei”, conta o jovem profissional, cujo interesse pela programação vem da curiosidade natural por entender como as coisas funcionam e do incentivo de um tio, que já era dessa área.
E pode-se até dizer que a tendência pelas ciências exatas já rondava Diogo desde sempre. Seu pai, Saulo, goiano de Cabeceiras, é matemático e engenheiro civil; a mãe, Núbia, que nasceu em Luziânia (GO) mas passou boa parte da vida em Brasília (DF), é engenheira de alimentos e está terminando a faculdade de engenharia química.
“Ela ainda tem um negócio de costura criativa”, diz Diogo, que nasceu em Formosa (GO), mas com 4 anos foi com a família para Palmas, em Tocantins, onde morou por 10 anos. Em seguida, o jovem seguiu para Goiânia, pois havia conseguido uma vaga para estudar no Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação, da Universidade Federal de Goiás, o CEPAE/UFG, também chamado de Colégio Aplicação.
Por um ano, morou com sua madrinha até que os pais e o irmão caçula, Guilherme, também se mudassem para a cidade. “A família já pensava em vir para Goiânia antes”, lembra Diogo. Começava então a ser construído o caminho para chegar onde está hoje. “No último ano do ensino fundamental veio meu interesse por programação, com o estímulo do meu tio Flávio, irmão da minha mãe, que é programador.”
Tecnologia na veia
Bem antes de descobrir a programação, Diogo já se aventurava a desmontar e remontar equipamentos, fazia experiências para gerar energia e brincar com luzes, mas no colégio a diversão ganhou outras dimensões. “Com meu tio, eu já fazia projetos no Arduino”, conta Diogo, que logo explica do que se trata: “É uma placa de desenvolvimento de hardware simples”. Uma plataforma tecnológica que permite criar e testar projetos eletrônicos.
Aí surge outro fator importante para a conexão do jovem com a Produzindo Certo. O trabalho de conclusão de curso de Diogo, o famoso TCC, foi uma horta automática, um projeto de cultivo incluindo controle de umidade do solo por sensores. “Se o nível de umidade estivesse baixo, o sistema emitia um sinal sonoro avisando que era preciso irrigar”, descreve.
Essa influência da parte agrícola veio do padrinho de seu irmão, engenheiro agrônomo que trabalhava com genética de plantas na Embrapa Arroz e Feijão, em Santo Antônio de Goiás. “Pesquisei muita coisa sobre o assunto, até estudei os perfis de solo de Goiás”, lembra Diogo.
Segundo o Programador Júnior da Produzindo Certo, o projeto teve uma boa repercussão e foi apresentado, oficialmente, no ano passado, com o final do ensino fundamental encostando no início da faculdade. Isso porque o curso foi interrompido por seis meses durante o período mais crítico da pandemia da Covid-19, em 2020.
Mas será que a horta automática ainda emplacaria? “Certamente ainda seria possível emplacar o projeto, mas com o conhecimento que tenho hoje faria várias alterações”, responde o dono da obra.
Um campo de saberes
A área em que Diogo mais vem se desenvolvendo dentro da Produzindo Certo é exatamente a do conhecimento. Antes, como estagiário, ficava limitado a prestar suporte à equipe de TI. Agora, como programador, pode ir além, dar outros passos, ainda que com o natural e necessário acompanhamento dessa fase.
“Mas já executo outras tarefas, resolvo problemas e vou trabalhando com apoio para desenvolver”, afirma Diogo. “Às vezes minha ideia pode ser boa, mas preciso de orientação.”
De qualquer forma, ele já entendeu bem qual é sua função e a dos colegas do setor. “O papel da programação é facilitar o trabalho do analista de campo, de quem está dentro da empresa, a realização de análises, a geração de relatórios, toda a parte de inteligência”, avalia.
Diante do tempo e das oportunidades que tem pela frente, Diogo acredita que pode crescer bem mais, e aproveita os desafios que sua posição oferece para se manter progredindo. “Tudo é adaptação e evolução. Quanto mais se aprende, mais se evolui”, comenta o jovem programador, que diz estar sempre atento aos problemas dos produtores, a suas demandas, para pensar em soluções.
Na verdade, sua visão é bem mais ampla. Na faculdade, desenvolve um trabalho de iniciação científica cujo tema é a implantação de redes 6G. Sim, estamos falando de telecomunicação, e com foco no agro.
A descrição exata desse novo projeto de Diogo é “Estudo e Proposição de um Modelo de Integração de Redes 6G e Computação de Banda Móvel Potencializando o Serviço de RNIS Aprimorado”. Ainda debatemos como a implementação do sinal 5G pode ser vantajosa por expandir a disponibilidade do 4G no meio rural, e ele já saltou para o 6, como se fosse um truco da tecnologia. Alguém duvida que os voos desse jovem serão altos, amplos e ligeiros?
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