BAT Brasil e Produzindo Certo renovam parceria em programa de sustentabilidade e o número de propriedades participantes passa de 52 para 1.400. A meta é que esse número chegue a 12.000 nos próximos quatro anos
A construção da sustentabilidade no agronegócio acontece ao longo do tempo e envolve diversos fatores, sendo que muitos deles vão além das práticas responsáveis aplicadas no campo. Transparência e confiança são bons exemplos, e esses dois pontos foram primordiais para que a BAT Brasil, maior produtora de tabaco do País, começasse no ano passado o projeto-piloto de um programa de sustentabilidade com 52 propriedades distribuídas no Rio Grande do Sul, principalmente, em Santa Catarina e no Paraná. A Produzindo Certo foi responsável pela implantação.
Essa iniciativa é fruto da aposta da BAT Brasil na geração de valor compartilhado para toda a cadeia produtiva e do zelo pela agricultura familiar, o principal pilar de seu negócio. E resulta ainda de uma relação de mais de uma década entre a head de ESG e Comunicação da BAT Brasil, Amanda Cosenza, e a Produzindo Certo. “Conheci a empresa em 2011, quando ainda era apenas Aliança da Terra e eu trabalhava em outra companhia. Naquele ano desenvolvemos um programa de sustentabilidade que abrangeu 2 milhões de hectares de grandes produtores de soja”, afirma a executiva.
Desde 2021 na BAT Brasil, Amanda, decidiu repetir a parceria, desta vez sobre dimensões menores de terra, mas com a mesma relevância no que diz respeito à produção sustentável. O projeto-piloto implantado em 2022 trouxe ótimos resultados, segundo a executiva. “Deu muito certo, os agricultores gostaram muito dos diagnósticos”, comenta.
O êxito se deu, em boa parte, também pela forma como a Produzindo Certo adapta seus projetos e a aplicação de seus protocolos a qualquer perfil de fazenda e de segmento. Como descreve Amanda, as grandes fazendas de soja funcionam como se fossem indústrias agrícolas. Já o pequeno produtor tem a atividade em sua própria casa, praticamente. E na maior parte dos casos, o trabalho todo é desenvolvido pela família, não há funcionários. “Por isso a importância de uma ferramenta que se adeque a qualquer modelo de produção”, diz Amanda.
Sustentabilidade ampliada
Essa condição foi, entre outros pontos, determinante para a renovação e, sobretudo, a ampliação da parceria. Agora são 1.400 propriedades participando do projeto, que de “piloto” já não tem mais nada. Até pela nova dimensão, o programa de sustentabilidade está sendo implantado em um sistema híbrido, com dois modelos. “Em um deles, a Produzindo Certo faz a coleta das informações. No outro, nós fazemos”, explica Amanda. “Mas nos dois casos a avaliação desses dados e a elaboração do plano de ação ficam por conta da Produzindo Certo.”
Além das novas dimensões, a iniciativa passou a ser chamada de Programa ESG Farms, pois vai além da sustentabilidade da produção, que é uma parte do processo todo. E a tendência é que a expansão seja ainda maior nos próximos três ou quatro anos. A meta da BAT Brasil é abranger 12.000 propriedades, e caminhar para uma certificação.
“Quando se trabalha um programa como esse, é muito no compliance da legislação, e os produtores precisam estar de acordo com tudo isso. E eles entendem como um passo a mais em qualidade e produtividade”, afirma Amanda, lembrando que essa adequação se transforma em mais benefícios para o agricultor. “A sustentabilidade já traz mais produtividade e qualidade de vida, isso tudo é sentido muito de perto.”
Essa evolução não se restringe às propriedades ou às unidades industriais da BAT Brasil. Segundo Amanda, é preciso alcançar também o reconhecimento do mercado, o cliente final deve entender o valor agregado pela adoção das práticas associadas ao conceito ESG. “Holandeses, noruegueses, ingleses, enfim, o mundo todo tem de enxergar esse valor”, diz.
E para Amanda, que já atuou em diversos segmentos fortalecendo essa conexão entre agronegócio e sustentabilidade, tal conquista tem um sabor especial. “É uma satisfação enorme como profissional. A gente precisa fazer a diferença, sobretudo com os pequenos produtores, e estamos vendo isso acontecer”, comenta a executiva, que é engenheira química e ambiental e pós-graduada em desenvolvimento ambiental.
Amanda faz questão de ressaltar que qualquer trabalho desenvolvido em torno do conceito ESG é coletivo, nunca se faz de forma isolada. “É sempre com parcerias”, destaca. “Precisa reunir as empresas, os prestadores de serviço, o universo acadêmico, instituições de pesquisa como a Embrapa. Quanto mais parcerias em torno do mesmo objetivo, que é a agricultura sustentável, mais produtores e mais stakeholders teremos. Será melhor para todo mundo.”