Com selo Produzindo Certo renovado, Pecuarista Marco Túlio Soares cerca seu negócio com programas de certificação para agregar valor a seus produtos e ganhar mercado
Como grande parte dos pecuaristas brasileiros, Marco Túlio Soares vive o permanente desafio de buscar melhor remuneração para sua produção para aumentar a rentabilidade do negócio. Para o proprietário da Fazenda Jurigue, localizada em Pedra Preta (MT), a saída foi trocar a venda de commodity pela verticalização da produção de carne bovina com alto padrão de qualidade, comercializada sob uma marca carimbada com os selos de diferentes programas de certificação.
Cada corte da Celeiro Carnes Especiais chega ao ponto de venda com rastreabilidade e a garantia de ter sido produzido sob os mais rigorosos critérios de sustentabilidade e bem-estar animal. Um dos pilares que sustentam essa condição é representado pelo Selo Produzindo Certo, uma garantia de que a Fazenda Jurigue é frequentemente avaliada pela empresa quanto a práticas sustentáveis.
Essa relação é tão importante para Soares que a parceria com a Produzindo Certo foi renovada por mais um ano. “Hoje temos até um QR Code da Produzindo Certo que direciona o consumidor para a história da fazenda”, diz o pecuarista.
Esse diferencial é valioso até para garantir mais competitividade ao negócio. Se comparada às grandes empresas de produção de gado de corte, a propriedade tem dimensões modestas.
São cerca de 2 mil hectares, dos quais praticamente metade é preservada, e um rebanho de 2.200 animais, sendo 1.200 voltados à seleção genética e 1.000 destinados à produção comercial.
Aí está outro fator decisivo na evolução da marca Celeiro: o trabalho contínuo de 25 anos com o melhoramento genético de um rebanho Nelore criado a pasto. Essa seleção tem ainda uma particularidade que é a avaliação de carcaças por ultrassonografia, realizada no período de sobreano.
Com a ajuda do software Bovine Image Analysis (BIA), Soares faz análise de gordura subcutânea, área de olho de lombo (rendimento na desossa) e marmoreio. Dessa forma, consegue direcionar a seleção por meio dos indivíduos.
“Quando começamos a fazer essa avaliação por ultrassonografia, apenas 30% dos animais passavam do nível 3 de marmoreio. Agora, já são mais de 80%”, comenta o pecuarista. Segundo Soares, esse processo gerou ganhos de peso e qualidade, e a possibilidade de colocar no mercado um bife ancho de gado Nelore.
Carne certificada
Além do Selo Produzindo Certo, a Fazenda Jurigue tem uma certificação da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), garantindo ao mercado que a produção segue todas as recomendações técnicas da entidade. Dessa relação surgiu o Selo Green.
“É o primeiro selo verde do agro, e veio com o lançamento de nossa linha de carnes Green”, diz Soares. “A Produzindo Certo certifica nossa propriedade, já a ACNB certifica os lotes de animais.”
Com o intuito de ir além, o empresário buscou uma certificação individual. Contratou uma empresa terceirizada para fazer a identificação e a certificação de cada animal no rebanho. “Essa companhia faz a auditoria de nosso criatório”, comenta Soares. Tal controle agregou nova chancela para o padrão de qualidade da marca Celeiro, o Certificado Carne Forte.
Além de otimizar a gestão do rebanho, a certificação por animal ainda ajudou a reduzir a marcação a fogo, aumentando o bem-estar do rebanho. Com base na análise por ultrassonografia, o gado já é separado em três grupos distintos que vão abastecer as três linhas principais da marca Celeiro, e cada uma é representada no plantel pela cor dos brincos: Reserva (preta), Green (verde) e América (amarelo). Já nas etiquetas dos cortes, há apenas uma mudança, a linha Green é representada pelas cores azul ou laranja.
Esse desenvolvimento levou Soares a participar também de uma seleta comunidade de pecuaristas que se dedicam à promoção do melhoramento genético da raça bovina de corte mais difundida no País, a Confraria da Carcaça Nelore.
A iniciativa surgiu há três anos e já conta com 60 participantes. “Hoje, conseguimos produzir carne Nelore que se assemelha à do Angus, até em termos de marmoreio”, comemora o empresário, que é o vice-presidente do grupo. “Juntamos no mesmo produto a maciez característica do Angus e o sabor do gado Nelore criado a pasto.”
Embora trabalhe exclusivamente com a raça zebuína em sua propriedade, Soares também tem uma linha de cortes de raças bovinas de origem britânica. Chamada de Euro, é abastecida por animais fornecidos por pecuaristas parceiros.
A variedade de itens apresentada nas lojas da Celeiro, em Rondonópolis (MT), e a receptividade do público em relação a esse leque de opções garantem a satisfação do empresário com as escolhas que tem feito para a gestão e a diferenciação do negócio. Essa sensação só fica mais explícita quando o próprio Soares tem a oportunidade de pilotar a churrasqueira para preparar essa carne.