O primeiro consórcio de agricultura regenerativa da América Latina, o Reg.IA, concluiu uma etapa fundamental para o avanço do projeto: a coleta e análise de solo das 38 propriedades participantes.
A partir dessas amostras, foram realizados quatro tipos de análises – química, física, enzimática e de carbono –, fornecendo um diagnóstico detalhado da situação do solo e permitindo mapear sua fertilidade, compactação e capacidade de sequestro de carbono.
Os resultados serão fundamentais para a criação de um plano de manejo agrícola personalizado para cada produtor que orientará sobre as melhores práticas para otimizar o uso de insumos, aumentar a produtividade e melhorar a sustentabilidade da produção.
Além disso, o diagnóstico incluirá a medição da pegada de carbono de cada talhão, trazendo mais transparência sobre as emissões das propriedades.
A coleta e análise das amostras foram conduzidas pela ConnectFARM, empresa especializada que utiliza tecnologia de ponta para garantir diagnósticos mais precisos. A metodologia desenvolvida pela empresa evita coletas aleatórias e foca em pontos estratégicos dentro das zonas de manejo.
Combinando agricultura de precisão, imagens de satélite e inteligência artificial, a abordagem permite mapear o potencial produtivo de cada área e identificar os melhores caminhos para uma produção mais eficiente.
“Nós buscamos um histórico dos últimos três a cinco anos de imagens da área. Dessa forma, conseguimos construir, com esses mapas históricos, o potencial de desenvolvimento de cada uma. Então conseguimos enxergar onde há maior potencial de acúmulo de carbono e onde ele é menor”, explica Rodrigo Dias, engenheiro agrônomo e CEO da ConnectFARM.
Os resultados das análises são processados por algoritmos que indicam o potencial produtivo de cada área e sugerem as melhores práticas para adubação, escolha de cultivares e época de plantio. Isso permite aos produtores tomar decisões mais assertivas, reduzindo custos e otimizando o uso de insumos.
“Na nossa experiência nesse trabalho, conseguimos identificar, por exemplo, que tem produtores cujo problema não é a nutrição. Não adianta colocar mais adubo, pois não é isso que está limitando a produtividade, mas sim um problema biológico, como um nematoide ou outra questão específica da área”, destaca Dias.
Cálculo da pegada de carbono
Outra inovação do consórcio é a medição da pegada de carbono das propriedades participantes, realizada em parceria com a Bayer. A empresa fornecerá uma ferramenta desenvolvida junto à Embrapa para calcular as emissões de gases de efeito estufa (em CO₂ equivalente) ao longo do ciclo produtivo de cada cultura.
“A Bayer vai disponibilizar a ferramenta de cálculo de pegada de carbono para o Reg.IA. Todas as áreas que fizerem parte do projeto vão conseguir calcular a pegada de carbono da soja nesta primeira fase. No segundo momento, quando fizermos milho, também calcularemos a pegada de carbono do milho”, explica Renata Ferreira, gerente de Novos Negócios de PRO Carbono da Bayer.
Os dados coletados ao longo das visitas técnicas permitirão aos agricultores entender quais são as principais fontes de emissão e como podem reduzir ainda mais seus impactos ambientais. “O que a gente vai fazer é, a partir da ferramenta de recomendação guiada da Bayer e dos cenários regionais estamos criando um material de suporte que vai auxiliar e complementar as recomendações das melhores práticas pela Connect ao agricultor”, detalha Renata.
Além disso, os produtores receberão um laudo detalhado, que indicará onde estão as maiores emissões, quais etapas mais contribuem para o total de emissões e quais práticas podem ser adotadas para mitigar esse impacto.
Também será possível comparar a pegada de carbono das propriedades com a média regional e nacional. “Essa primeira fase do projeto é essencial porque conseguiremos calcular o estoque inicial de carbono dos agricultores e definir as linhas de base para um plano de intensificação que traga ainda mais resultados ao longo do próximo ano”, conclui Renata.
Reg.IA: agricultura regenerativa baseada em tecnologia e dados
O Reg.IA, consórcio liderado por Agrivalle, Bayer, BRF, Gapes, Milhão e Produzindo Certo, tem como objetivo incentivar a adoção de práticas regenerativas do solo. O projeto segue um protocolo estruturado com requisitos obrigatórios e opcionais para os agricultores, consolidando-se como um modelo sustentável para a produção agrícola na América Latina. Combinando ciência, tecnologia e práticas regenerativas, o Reg.IA reforça seu compromisso em promover uma agricultura mais produtiva e sustentável, baseada em dados concretos e no uso eficiente dos recursos naturais.
