Como em qualquer empresa, também nas fazendas o cuidado com as pessoas é cada vez mais relevante. E é importante entender – e respeitar – que há protocolos legais para se fazer isso corretamente
Produtores rurais que buscam diferenciação no mercado por meio de alguma certificação, e com isso almejam melhor rentabilidade, devem se atentar para o fato de que entre 60% e 70% das auditorias diz respeito à parte social da fazenda. Ou seja, colocam em evidência a gestão de recursos humanos, a segurança do trabalho, o bem-estar dos funcionários e as questões financeiras que envolvem esse setor.
Estar em dia com essa área é essencial para que a classe produtora acompanhe a velocidade com a qual as exigências de mercado são atualizadas, tornando-se cada vez mais criteriosas. Tais cobranças resultam, principalmente, dos novos hábitos de consumo de pessoas do mundo todo, gerando uma pressão que passa por varejo, indústrias, cadeias produtivas e chega à origem do fornecimento de comida, fibras e energia.
Vem daí a notoriedade da sigla ESG (Environmental, Social and Governance), representação do conceito baseado em padrões e boas práticas que visam a definir se uma empresa é ambientalmente sustentável, socialmente consciente e corretamente gerenciada. E que também servem de base a muitos dos protocolos utilizados pela Produzindo Certo na orientação da organização das fazendas para que se equiparem às empresas de maneira geral, das micro e médias aos grandes grupos, em termos de sustentabilidade.
Confira alguns desses pontos cruciais na avaliação social das propriedades, e que o Ministério do Trabalho encara com extremo rigor. Para conhecer mais sobre estes e os diversos outros fatores relacionados ao tema, procure a Produzindo Certo.
Cargos e salários – trabalhadores que ocupam o mesmo cargo devem receber o salário igual. Qualquer diferenciação na remuneração referente ao mesmo posto de trabalho tem de ser justificada por uma diversificação de nível no cargo em questão. Se um determinado tratorista ganha um salário maior pela experiência, ou pelo tempo que está na fazenda, precisa haver uma justificativa formal (tratorista sênior, por exemplo).
Férias, folgas e licenças – Quando o colaborador está ausente por descanso, como é o caso das férias e das folgas, ou por alguma questão de saúde, como acontece nas licenças médicas, ele não deve estar trabalhando. A lei trabalhista reconhece tais ausências para que o motivo dessa saída temporária seja atendido. Quando isso não acontece, o empregador deixa de cumprir determinações legais e está sujeito às devidas autuações e penas.
Treinamentos – Todo funcionário deve receber a devida capacitação para exercer suas funções. O treinamento é uma forma de garantir que cada trabalhador saiba como realizar suas tarefas corretamente e com segurança, evitando riscos para si mesmo, para outros funcionários e para a fazenda como um todo. Sem oferecer as condições adequadas, além de fragilizar a prevenção de acidentes, não é possível exigir das equipes que cumpram suas jornadas como esperado.
Exames médicos – A condição de saúde dos trabalhadores tem de ser uma prioridade em toda e qualquer fazenda. Por isso é primordial que sejam realizados todos os exames médicos exigidos por lei, seja de admissão, seja demissionais ou os periódicos enquanto o profissional estiver no quadro de colaboradores da propriedade.
Prevenção e combate a incêndios – As equipes das fazendas devem estar preparadas para lidar com produtos inflamáveis, materiais utilizados no dia a dia que possam pegar fogo, e saber o que fazer para evitar e combater incêndios. Pelo menos conhecer as providências emergenciais mais básicas, considerando-se que cabe ao Corpo de Bombeiro e às brigadas de incêndio a missão de lidar mais diretamente com alguma situação de fogo.
Análise de água – Por mais óbvio que possa parecer a necessidade de disponibilizar aos colaboradores água em ótimas condições de potabilidade, é preciso que isso seja comprovado tecnicamente. Daí a exigência de análises dessa água para não deixar dúvidas sobre a segurança em relação a essa qualidade.
Alimentação – Outro ponto fundamental para o bem-estar dos trabalhadores é a oferta de alimentação de qualidade, atendendo aos padrões nutricionais para que realizem suas tarefas de maneira saudável. Mais do que isso, é preciso garantir um local apropriado para a realização das refeições. No caso de funcionários que moram na propriedade e preparam sua comida em casa, esses não devem ter custos com energia para cozinhar.