Evento P4F Forum, em Londres, reuniu projetos que unem agropecuária e preservação da floresta em mais de 15 países, entre eles a Produzindo Certo
Onde tem floresta, tem água, tem solo, tem aquilo que é necessário para se plantar ou criar animais. Manter a mata em pé, assim, é muitas vezes uma decisão difícil para as populações que vivem nessas regiões. Proporcionar a elas a condição de preservar e, ao mesmo tempo, ter uma atividade econômica capaz de garantir seu sustento e seu desenvolvimento tem sido um desafio de muitas organizações e empresas ao redor do mundo.
Uma importante amostra de iniciativas nesse sentido foi vista em Londres, nos dias 9 e 10 de junho, no P4F Forum. O evento reuniu dezenas de projetos apoiados pelo Partnerships For Forests (P4F), programa financiado pelo governo do Reino Unido para acelerar iniciativas que promovam o uso sustentável da terra, redução do desmatamento e valorização da floresta preservada.
“Foi muito animador ver que há tantas iniciativas sobre a mudança transformacional na proteção e restauração das florestas tropicais do mundo por meio de parcerias lideradas pelo setor privado”, afirma Aline Locks, CEO da Produzindo Certo. A empresa, que também é apoiada pelo P4F, apresentou em Londres sua experiência em levar conhecimento e assistência técnica socioambiental para produtores rurais. “Tivemos uma oportunidade única para mostrar a empresas, investidores e autoridades de vários países que o agronegócio e a proteção da floresta podem caminhar juntos no Brasil”, diz Charton Locks, diretor de operações da Produzindo Certo.
Durante os dois dias do evento, representantes das organizações parceiras do P4F expuseram seus projetos e os resultados obtidos nos últimos anos. O painel era rico e diverso. O P4F tem mais de 100 parcerias (incluindo setor público, empresas privadas e comunidades locais) envolvendo a produção responsável de 22 commodities agropecuárias em 15 diferentes países. Segundo dados do programa, essas iniciativas já mobilizaram mais de 265 milhões de libras (cerca de R$ 1,7 bilhão) e devem contribuir, até 2023, com a redução de 65 milhões de toneladas de carbono equivalente em gases de efeito estufa.
O P4F Forum permite, também, a troca de conhecimento entre os diferentes projetos, muitas vezes bastante distantes geograficamente – a entidade apoia iniciativas na América Latina, na África e no Sudeste Asiático. Da África, por exemplo, um dos projetos que mais chamou a atenção foi o que promove a valorização da produção, em sistema agroflorestal, de mais de 5 mil variedades de cafés por comunidades da floresta de Kafa. Isso foi feito através da organização da cadeia produtiva local e da criação de uma marca premium de café, que destaca a história de cada lote e seus produtores. “Trazemos de volta muito aprendizado e inspiração”, dia Aline.
Na América Latina, que reúne 22% das florestas tropicais preservadas no mundo, são 19 projetos apoiados pelo P4F, com foco no Brasil, Peru e Colômbia. Eles englobam uma diversidade de cadeias produtivas, que vai da pecuária bovina para produção de carne e couro à extração sustentável de açaí ou palmito em áreas de floresta.
