Neste 5 de setembro, dia do maior bioma do mundo, conheça informações sobre a preservação e a produção na região
Preservar e produzir. Em nenhum lugar do mundo a combinação desses dois verbos é tão sensível e importante quanto na Amazônia. O bioma que abriga a maior floresta tropical do planeta e que se espalha por nove países – além do Brasil, está presente em Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Paraguai, Peru, Suriname e Venezuela – é homenageado no dia 5 de setembro, o Dia da Amazônia.
Mais do que celebração, trata-se de uma data de reflexão sobre sua ocupação e seu uso. E, para isso, é preciso ter informação. A começar pela extensão e a importância da Amazônia para o Brasil. O bioma representa quase 50% do território brasileiro e se estende por nove estados: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia, Tocantins e parte do Maranhã e do Mato Grosso. Se fosse uma país, seria o sétimo maior do mundo.
Mais do que vasta, a Amazônia é um bioma extremamente rico. Berço da maior bacia hidrográfica, detém 20% da disponibilidade mundial de água e possui o maior rio do mundo – de acordo com medições recentes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o rio Amazonas é o maior em extensão, supera até mesmo o rio Nilo, no Egito.
A região abriga cerca de 30 mil espécies de plantas e 2.500 espécies de árvores, ou seja, um terço de toda madeira tropical do mundo. Mas seus recursos vão muito além e o bioma também apresenta a maior variedade de produtos florestais não madeireiros, como açaí, látex e castanha.
Também não se pode esquecer da grande riqueza cultural dos povos tradicionais da região, que tem vasto conhecimento sobre formas de se explorar os recursos sem esgotá-los.
A Amazônia Legal e o Bioma Amazônia
Com o objetivo de planejar e promover o desenvolvimento socioeconômico da região amazônica, em 1953 foi instituído pelo governo brasileiro o conceito de Amazônia Legal.
O termo se refere a uma delimitação política, baseada em análises estruturais e conjunturais. Seus limites não têm viés geográfico definido pelo bioma, mas sim pelas necessidades identificadas na região.
A Amazônia Legal corresponde a 58,9% do território brasileiro. Além do bioma Amazônia, contém 20% do bioma Cerrado e parte do Pantanal mato-grossense. Apesar da grande extensão territorial, tem a menor densidade demográfica do país, com 12,4% da população, sendo que quase 60% da população indígena reside na região.
Já o bioma Amazônia, com cerca de 4,2 milhões de quilômetros quadrados (ou 420 milhões de hectares), ocupa 49% do território nacional.
A Amazônia e o agro
Apesar da imensidão do bioma, a área ocupada para a produção agropecuária na Amazônia é proporcionalmente pequena: 62 milhões de hectares, o que equivale a 14,8% do bioma. As florestas, por sua vez, respondem por 328 milhões de hectares, 78 % do bioma.
Nas áreas usadas para a produção, a pecuária é a que ocupa maior território: 88%. A agricultura é praticada em 11%, sendo o 1% restante destinado à silvicultura.
Principal cultura agrícola brasileira, a soja também está presente na região, mas de forma bem menos relevante do que costuma se propagar. As lavouras do grão somam 3,8 milhões de hectares – menos de 1% da área do bioma amazônico –, e sua produção representa cerca de 15% da soja brasileira.
As áreas de pastagens, que abrigam um rebanho bovino de cerca de 64 milhões de cabeças, têm sido historicamente apontadas como um vetor de desmatamento na região, são vistas hoje também como uma potencial oportunidade para a implantação de programas de recuperação de áreas degradadas.
Para isso, investimentos na intensificação da pecuária, com o objetivo de aumentar a produção agropecuária sem desmatamento, têm sido desenvolvidos na região. Nos últimos 10 anos mais de 5 milhões de hectares de pastagens degradadas na Amazônia foram recuperadas.
Preservação e desmatamento
O bioma Amazônia é o que deve ter maior índice de reservas naturais protegidas, segundo prevê o Código Florestal Brasileiro. A legislação determina que os donos de terras no Bioma Amazônico a mantenham preservados 80% de suas propriedades – ou seja, a exploração econômica é permitida em apenas 20%.
Apesar disso, infelizmente, o desmatamento ainda é uma questão presente na região. Segundo dados do INPE, em 2021 a taxa de desmatamento, que vinha sido reduzida na década anterior, voltou a índices similares aos que acontecia nos anos de 2006, 2007 e 2008.
Nos últimos três anos, mais da metade do desmatamento ocorreu em terras públicas: terras indígenas, unidades de conservação e as florestas públicas não destinadas.
Vale destacar que existem várias ações para mudar este cenário e reduzir o desmatamento. E esse esforço é importante pois ainda temos muito o que preservar, hoje cerca de 80% da Amazônia ainda está em pé.
A política de concessão florestal é um exemplo. A iniciativa privada tem se aliado ao governo para produzir madeira e produtos florestais não madeireiros de maneira sustentável, sem desmatar a floresta e gerando empregos verdes. Já são mais de 1,3 milhão de hectares de florestas federais concedidas.