Em março deste ano, a Produzindo Certo realizou uma nova rodada de visitas técnicas em propriedades rurais da Argentina, ampliando ainda mais a sua atuação internacional. A ação aconteceu em parceria com a Bunge Argentina e passou por quatro províncias importantes do país: Chaco, Salta, Santiago del Estero e Tucuman. Foram visitadas ao todo 10 propriedades, sendo duas delas revisitas, com foco na formação de um grupo para certificação coletiva.
Segundo João Victor Lima, especialista em sustentabilidade da Produzindo Certo, o objetivo principal dessas visitas é avançar no processo de obtenção de certificações como: RTRS (Round Table On Responsible Soy), e ProS (voltada à produção de trigo), além da elaboração do inventário de GEE (Gases de Efeito Estufa), ferramenta essencial para mensurar e gerenciar as emissões da propriedade.
“Os próximos passos são processar os dados das dez propriedades, avaliar a viabilidade de todas para a formação do grupo e seguir para a auditoria externa”, explica. As propriedades visitadas têm como culturas principais a soja e o milho, que ocupam áreas similares.
Apesar de estarem em diferentes estágios de preparo para as certificações, todas as propriedades demonstraram condições favoráveis para integrar o grupo. “As dez fazendas visitadas têm grande potencial para a certificação; algumas estão mais avançadas que outras, mas aparentemente não há nada que impeça a formação do grupo”, reforça João.
Diferenças climáticas e legais entre Brasil e Argentina
A experiência de campo também permitiu à equipe da Produzindo Certo observar particularidades da produção agrícola na Argentina, principalmente no que diz respeito ao clima e às exigências legais. “A Argentina possui condições geográficas bem distintas, como o clima frio e seco no inverno e a limitação hídrica. Por não utilizarem de sistemas de irrigação, os produtores são dependentes diretos das chuvas, por exemplo.”, destaca o também especialista em sustentabilidade Ariel Vespucci.
Além das limitações hídricas, a legislação ambiental é outro ponto de contraste. No país vizinho o processo regulatório é mais simples. “Há uma grande diferença em termos legais, já que o Brasil exige muitas licenças ambientais que não se aplicam na Argentina”, comenta Vespucci.
Durante as visitas, a maioria dos campos de soja estava em condição crítica por conta da estiagem enfrentada por algumas regiões produtoras. A colheita deve ocorrer entre abril e maio, caso o regime de chuvas normalize. Já o milho, tem colheita prevista para os meses de junho e julho. “Existe uma expectativa grande para que o clima colabore”, destaca o especialista.
Receptividade e troca de experiências com os produtores
Um dos destaques da viagem foi o acolhimento dos produtores argentinos. “A receptividade foi incrível. Eles demonstraram grande interesse pelas certificações e pelo nosso trabalho. Fizemos trocas valiosas, não só sobre agricultura e sustentabilidade, mas também sobre futebol, turismo e até novelas”, conta João Victor.
A aproximação com os produtores foi além do campo técnico. A equipe segue em contato com os produtores para seguir avançando com os processamentos.
As visitas fazem parte da ampliação estratégica da Produzindo Certo na América do Sul, com foco em levar sua metodologia e ferramentas de gestão socioambiental para além das fronteiras brasileiras. “A principal meta agora é finalizar os processamentos dos dados e as entregas dos diagnósticos ainda em abril, para agendarmos a auditoria o quanto antes”, conclui João Victor.