Na agropecuária brasileira, um papel especial é reservado a cerca de 4 milhões de famílias, que comandam cerca de 77% das propriedades rurais no país, segundo dados do censo último Agropecuário do IBGE. Elas cultivam, produzem e conservam o ambiente em mais de 80 milhões de hectares, sendo responsáveis por uma parte substancial dos alimentos que chegam às nossas mesas.
São muitos, são relevantes e são, possivelmente, um dos maiores desafios para a transformação do agronegócio brasileiro em uma atividade mais responsável, com a adição de práticas socioambientais e, por que não, regenerativas.
Não lhes falta vontade, isso é certo. O que se percebe, sempre que se busca implementar ações que incluam esse universo gigantesco de produtores, é que o empenho necessário para conectá-los e engajá-los difere, e muito, do modelo adotado em outros segmentos, como os de médios e grandes produtores, mais tecnificados e com mais acesso ao conhecimento.
Conquistar e se comunicar com um público específico exige conhecê-lo, entender seus problemas e falar do seu jeito. E superar uma enorme barreira que separa muitos dos pequenos agropecuaristas familiares de técnicas que os tornarão mais produtivos e, consequentemente, mais bem remunerados pela sua atividade: a informação.
Nos últimos anos, houve uma importante democratização dos meios digitais de comunicação e tomou-se como certo de que eles seriam o canal ideal para levar essa informação ao campo e diminuir o abismo de conhecimento existente hoje entre a agricultura familiar e a comercial.
Não há dúvida de que as possibilidades abertas nesse sentido foram imensas.
Muitos acreditam que, com satélites e whatsapp, qualquer canto e qualquer pessoa é acessível, de forma remota. A prática, em campo, tem mostrado que essas ferramentas são fundamentais, mas para o universo da agricultura familiar o contato direto, olho no olho, é imprescindível.
O agricultor familiar não quer e não pode ser um contato, um lead, como se diz no jargão corporativo. Ele quer e precisa ser convencido com um aperto de mão e uma conversa condizente com suas condições. Ele quer ouvir como você vai ajudá-lo a ser melhor, dar assistência na implementação de um novo modelo e, sobretudo, entender como essa transformação vai incrementar o negócio que sustenta a vida da sua família.
Estar próximo desse mundo exige saliva e pés no chão. Na próxima semana, nós, da Produzindo certo, estaremos na Expoagro, em Rio Pardo (RS), uma das maiores feiras dedicadas à agricultura familiar no País, organizada pela Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra).
Lá, teremos a oportunidade de estar novamente frente a frente com milhares dessas famílias. E, orgulhosos, poderemos mostrar a eles como podem fazer a diferença, na sua vida e na de milhões de outros habitantes. Faremos isso mostrando a prática vivida por mais de 1,5 mil produtores da região que hoje fazem parte do maior programa privado de agricultura sustentável para pequenos produtores realizado atualmente no Brasil.
Desenvolvido pela BAT e executado pela Produzindo Certo, o projeto é focado em levar conhecimento e assistência técnica em sustentabilidade para até 12 mil famílias em três anos. Sempre com muita conversa e, é claro, tecnologia.