Com mais de 1.000 propriedades rurais visitadas, Jaime Dias já levou conhecimento e melhores condições de trabalho a produtores de nove estados brasileiros e também de outros três países. Agora, tem um novo desafio
O agroecólogo e especialista em segurança do trabalho Jaime Dias, 31 anos, iniciou 2021 fazendo as malas. Uma prática comum na sua trajetória na Produzindo Certo, em que ele estima já ter feito pelo menos 1.000 visitas a produtores rurais em todo o Brasil, além de Paraguai, Colômbia e México. Dessa vez, ele está de mudança, vai morar em Santa Cruz do Sul (RS).
Jaime integra o time de campo, que está no dia a dia entre lavouras e pastagens, conversando e apoiando os trabalhadores rurais na adaptação das suas áreas à legislação e às melhores práticas ambientais ou na adoção de medidas de segurança para proteger seus funcionários e as comunidades vizinhas às fazendas.
“Estamos sempre em contato com os produtores, tem alguns que a gente chega a fazer reuniões três vezes, fala com ele primeiro, depois com um filho ou filha a pedido dele, e depois com o gerente. Coletamos muitos dados confidenciais das fazendas como investimento, de consumo da propriedade, do histórico da empresa. É uma relação de muita confiança”, explica.
A resistência inicial dos agricultores é a primeira questão que eles precisam enfrentar. O que é feito com paciência, habilidade para negociar e informações.
“Poucos chegam para oferecer soluções para os desafios que eles estão vivenciando. A falta de informação ou a informação errada geram prejuízos para o produtor. Quando a gente traduz o que ele precisa fazer para estar de acordo com a legislação ou demonstra os benefícios da adoção de uma série de práticas e de certificações, eles têm muito interesse em adotar”, acrescenta.
Em 2020, mesmo com a pandemia, o trabalho seguiu em ritmo acelerado, para não deixar os produtores sem apoio. O agro não parou e as equipes seguiram com visitas, avaliações socioambientais e captação de novos produtores para a plataforma da Produzindo Certo. Com uso dos equipamentos de segurança, como máscaras e álcool em gel, as visitas presenciais só foram realizadas após contato prévio com o produtor para verificar quem se sentia seguro para receber os técnicos de campo. Em apenas um mês, Jaime percorreu nove estados.
O time de campo da Produzindo Certo tem uma composição multidisciplinar, com profissionais formados em agronomia, medicina veterinária, segurança do trabalho e agroecologia e está sendo ampliado com a contratação de novos profissionais para aumentar sua capacidade de atendimento às fazendas.
E esse trabalho é cada vez mais apoiado pela tecnologia. Jaime iniciou na Produzindo Certo em 2014, recém formado em Agroecologia, vindo de Minas Gerais. Para fazer um relatório da avaliação socioambiental, levava três dias e precisava da ajuda de um analista. Hoje, um relatório preliminar já é gerado na hora e compartilhado com o produtor. Uma simples foto da propriedade capturada pelo celular já serve para o sistema traçar as coordenadas geográficas da fazenda e interagir com fontes de informação como status do CAR ou a existência de algum embargo. O questionário de avaliação das propriedades tem pelo menos 70 itens em aspectos como uso e cobertura do solo, uso de agroquímicos, saúde e bem estar animal, gestão de resíduos e dos recursos hídricos, condições de trabalho, relação com a comunidade, índices de produtividade, entre outros.
Jaime está de mudança para o Rio Grande do Sul para ajudar plantadores de tabaco, em sua maioria agricultores familiares, em um projeto em parceria com a Philip Morris Brasil. O trabalho teve início no ano passado, com um diagnóstico socioambiental com um grupo de produtores em uma iniciativa piloto. A ideia agora é realizar ampliar a base avaliada, com diagnóstico socioambiental das propriedades, definir e acompanhar indicadores e prever ações de capacitação dentro da estratégia da empresa de garantir um modelo de produção sustentável na sua cadeia de fornecimento, com recuperação de áreas degradadas e da biodiversidade e diversificação produtiva para esses agricultores.
Jaime participou da primeira etapa do projeto e agora segue para liderar uma equipe maior de técnicos na realização do trabalho. “Eu aprendi muito em todos esses anos da Produzindo Certo. Saí do interior de Minas Gerais para conhecer todo o Brasil. A gente se prepara bastante para o trabalho, em diferentes culturas como soja, gado de corte, gado leiteiro, soja, tabaco. Acompanhei as transições da organização, com a primeira plataforma e agora com essa evolução de ONG para uma empresa e uma plataforma mais moderna e automatizada. Sempre me surpreendo positivamente com a Produzindo Certo”, avalia.
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