A especialista em sustentabilidade enxergou no curso de engenharia ambiental uma profissão promissora diante da busca por sistemas produtivos mais responsáveis
Quando Michelle da Silva Honório estava prestes a iniciar a vida acadêmica só tinha duas certezas: queria estudar engenharia e não era na área civil. Foi quando pesquisou as outras áreas nos guias estudantis e descobriu que a engenharia ambiental era vista como uma das profissões do futuro.
Apesar de prestar vestibular também para engenharia de alimentos e de produção, ela optou mesmo pela ambiental, no Instituto Federal de Goiás. “Me chamou bastante atenção o curso, eu achava que teria bastante áreas de atuação, que seria uma oportunidade interessante no futuro”, lembra Michelle.
Durante o quinto semestre da graduação ela teve o primeiro contato com o agronegócio e com o geoprocessamento. Fez estágio em uma empresa que atuava em agricultura de precisão. Depois também passou por uma mineradora, época em se encantou pela área de segurança do trabalho.
No Mestrado, Michelle mergulhou na área de recursos hídricos, o que acabou guiando seus passos ao projeto SanRural, focado em promover saneamento e saúde ambiental em comunidades rurais e tradicionais de Goiás.
“Eu fiquei um ano nesse projeto. Foi o ano de 2020 todo lá como pesquisadora. Nesse projeto eu tive a oportunidade de viajar, a gente rodou Goiás inteiro. A gente ia até as comunidades rurais para coletar água para análises e medir a vazão”, conta a engenheira ambiental e sanitarista.
Formada pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, também tem mestrado em Ciências Ambientais pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho pela UniAraguaia.
“Era pra ser”
Quando descobriu a vaga na Produzindo Certo, no final de 2020, Michelle estava trabalhando de forma remota para o projeto SanRural. Por esse motivo ela estava fora de Goiás, passando uns dias na casa do então namorado, no Rio Grande do Sul.
“A vaga se encaixava bastante no meu perfil, tanto de formação quanto de experiência. E eu fiquei em uma expectativa enorme de ser convocada para a próxima etapa, que era um treinamento presencial”, relembra. A fase de entrevistas foi online mesmo.
Convocada em uma quinta-feira para a fase de treinamento, ela ainda estava no Sul e tinha que comparecer na segunda, em Goiânia. “Eu apostei todas as minhas fichas. Comprei uma passagem, que eu lembro que foi bem cara, para ir para Goiânia e dar o meu melhor”.
Michelle viajou no sábado, participou do treinamento com vários outros candidatos, chegou a pensar que não passaria, mas a resposta positiva veio e ela começou a trabalhar na Produzindo Certo em janeiro de 2021. “Eu soube da vaga porque outra pessoa viu e divulgou. Eu acredito realmente que era pra ser”.
Como parte do time de especialistas em sustentabilidade da empresa, sua principal função é elaborar os diagnósticos socioambientais das fazendas. “Depois de analisar a situação da regularidade ambiental e fundiária, analisar a parte social, que vai desde o atendimento a CLT até às normas regulamentadoras, e analisar a parte de infraestrutura da fazenda, elaboro um documento contendo todas as conformidades e as não conformidades da propriedade, com todas as informações detalhadas do que precisa ser feito, para que aquele produtor comece a produzir certo”, explica Michelle.
Atualmente em home office,ou seja, trabalhando de forma virtual, ela destaca a importância da atuação em equipe. “Funciona como uma engrenagem. O trabalho começa lá na prospecção do produtor, em seguida acontece a visita na fazenda, segue para a elaboração dos diagnósticos e relatórios, depois é realizada a entrega para o produtor, continua com o monitoramento da propriedade e em alguns casos os processos de certificação”.
O futuro já chegou
Na linha de frente por uma produção agropecuária mais responsável, Michelle vê a sua profissão entre as mais requisitadas e desafiadoras atualmente. “Por muitos anos a engenharia ambiental e as carreiras relacionadas a área do meio ambiente foram consideradas as profissões do futuro. Pois bem, nós já estamos nesse “futuro” e a demanda por profissionais da área, sem dúvidas, tem crescido e muito se deve a pressão internacional, em busca de um desenvolvimento sustentável”.
Entre os principais desafios, ela destaca a importância de estar sempre atualizada em relação à legislação, decretos, normas técnicas e regulamentos, pois é essencial passar a orientação correta ao produtor rural. “Como atendemos boa parte do Brasil, precisamos estar atentos a legislação específica de cada estado e município”.
A maior satisfação para a especialista é sentir que o trabalho contribui para um presente e principalmente um futuro mais sustentável. “Trabalhando na Produzindo Certo eu consigo fazer minha parte, mostrando para os produtores, através do diagnóstico, o que eles devem fazer para se adequar à legislação, às normas, evitando embargos, desmatamento ilegal, contaminações do solo e da água, evitando prejuízos para a sua produção e para o meio ambiente”.
E os frutos vêm em forma de adequações e certificações. “É a confirmação de que o trabalho que desempenhamos gera valor, contribui para o avanço da preservação do meio ambiente, protege o trabalhador do campo, com o atendimento às normas de saúde e segurança do trabalho e, sem dúvidas, beneficia o produtor, que, à medida em que as ações de adequação passam a ser implantadas, os resultados aparecem numa produção mais eficiente”.
Das cervejas artesanais para o vinho e os chás
Michelle, 27 anos, morou a vida toda com os pais em Goiânia (GO), até que se casou, há pouco meses, e se mudou para o município de Carlos Barbosa, na serra gaúcha. Uma mudança radical nos seus hábitos.
“Eu estou em um processo de adaptação, porque aqui é muito diferente de Goiânia. Aqui é muito frio, tem todas as estações do ano. E lá em Goiânia a gente brinca que são duas estações, a seca e a chuvosa”.
Apreciadora das cervejas artesanais, ela tem se adaptado a bebidas mais quentes, mas o chimarrão ainda não a conquistou. “Depois de casada e morando num lugar totalmente novo, tem surgido novos interesses como por exemplo, o gosto por vinhos e chás. Como aqui é frio em boa parte do ano, as cervejas que costumava tomar estão em segundo plano (risos)”.
O interesse pelas cervejas é antigo. Michelle teve até coleção de rótulos e chegou a catalogar todas que já experimentou. Foi esse hobby inclusive que a aproximou, ainda que à distância, da pessoa que se tornaria seu companheiro de vida.
E se engana quem pensa que a paixão por cervejas ficou no passado. “Um sonho de vida, seria viajar e conhecer vários países, conhecer as cidades litorâneas do Chile, fazer um tour cervejístico pela Alemanha, Bélgica e Holanda, tomar vinho na Itália, conhecer um parque nacional da África do Sul, por exemplo”.
Conheça a trajetória de outros integrantes do time Produzindo Certo.