Em 2024, haverá novas regras para divulgação de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade. As mudanças, que visam a garantir maior transparência e segurança para os investidores e credores das empresas, impactarão o agronegócio como um todo
O maior interesse global pelo tema de mudanças climáticas e seus impactos financeiros nas atividades econômicas e no dia a dia das empresas está influenciando também a prestação de contas dessa história. A partir do ano que vem, além de qualificar os riscos ESG, também passa a ser obrigatório quantificar os potenciais impactos financeiros associados a práticas não sustentáveis, mostrando como fatores tais quais desmatamento, alta emissão de carbono na produção e/ou má gestão de resíduos podem afetar os negócios e sua saúde financeira. A determinação vem do International Sustainability Standars Boards (ISSB), ou Conselho Internacional de Padrões de Sustentabilidade.
Apesar de recente – idealizado a partir de 2020, o órgão foi instituído de fato em novembro de 2021 –, o ISSB já ganhou notoriedade no universo das finanças e da sustentabilidade. Dirigido pela International Financial Reporting Standards Foundation (IFRS Foundation), o ISSB tem como principal objetivo criar e promover padrões globais para informações de sustentabilidade, assegurando assim transparência e consistência na maneira pela qual as organizações comunicam seu impacto e sua contribuição nessa questão.
Essa mudança será estabelecida pelas novas normas do ISSB que passarão a valer no dia 1º de janeiro de 2024. A IFRS S1 diz respeito aos requisitos para divulgação das informações financeiras relacionadas à sustentabilidade, enquanto a IFRS S2 é voltada a divulgações relacionadas ao clima.
De acordo com o Conselho Federal de Contabilidade, essa nova fase de divulgações relacionadas à sustentabilidade para os mercados de capitais, no mundo todo, ajudará a aumentar a confiança na comunicação das empresas para embasar decisões de investimento.
O Comitê Brasileiro de Pronunciamento de Sustentabilidade (CBPS), criado em junho de 2022, tem a missão de analisar as novas normas, traduzir seu conteúdo e apresentá-lo técnica e oficialmente. Isso depois de passar pelo devido processo regimental, incluindo aí um período de audiência pública, o que possibilitará a adoção pelos órgãos reguladores nacionais.
Participação dos produtores
As normas do ISSB estabelecem uma linguagem comum para a divulgação dos riscos e oportunidades relacionadas ao clima sobre as perspectivas de uma empresa. “Da mesma maneira que antes, com as companhias tendo de comunicar os riscos e potenciais impactos relacionados a contingências processuais e litígios, agora também precisarão dar transparência sobre o impacto financeiro que suas atividades e decisões estratégicas têm sobre o prisma da sustentabilidade. Deverão, por exemplo, demonstrar como uma mudança na legislação ambiental ou uma decisão de investimento em produção com alta emissão de carbono pode afetar seu mercado, sua atividade e sua saúde financeira”, comenta Thiago Brasil, CFO da Produzindo Certo.
Segundo o executivo, essa é uma questão que já está bem adiantada na Europa, e que passa a avançar também em outras partes do mundo. Para Thiago, essa onda começará pelas grandes empresas, que possuem capital aberto e são cobradas por maior transparência pelo mercado. Mas já há exigências para todo o agronegócio, e o produtor entra nessa reação em cadeia. “Quanto mais o produtor conseguir se municiar para antecipar a demanda por essas informações e atender às exigências de seus clientes, melhor será para seus negócios”, afirma.
Vale aproveitar o fato de que, no primeiro ano de adoção das novas normas, será permitido realizar apenas divulgações relacionadas aos riscos de oportunidades climáticas. Já em 2025, as exigências irão além: passará a ser obrigatória a divulgação de todos os riscos e oportunidades relevantes relacionados à sustentabilidade. Haverá ainda a necessidade de informações comparativas para dados financeiros relacionados ao clima.
Agricultores e pecuaristas que integram a plataforma da Produzindo Certo já estão um passo à frente nessa história, pois dispõem de uma série de informações que podem atender a essa demanda de transparência quanto à sustentabilidade.
“Somos uma ferramenta que vai auxiliar os produtores e as empresas no cumprimento desta obrigatoriedade”, diz Thiago Brasil. “Podemos customizar a informação e os indicadores, contando uma história positiva sobre a produção e a cadeia de fornecimento.”