Conceito baseado na recuperação do solo, a agricultura regenerativa engloba o uso de uma série de boas práticas na produção
Eventos climáticos mais recorrentes e extremos pressionam a produção agropecuária e reforçam a importância do cuidado com os recursos naturais que são vitais para a saúde e o bem-estar da sociedade e também são fundamentais para a produtividade e rentabilidade no campo.
Para os próximos anos será preciso aumentar a produção de alimentos que dê conta do crescimento demográfico global ao mesmo tempo em que se cria soluções para reduzir os impactos ambientais nas cadeias produtivas. É aí que entra a agricultura regenerativa, conceito baseado em premissas como a recuperação do solo, conservação de recursos hídricos e da biodiversidade, diversificação da produção e redução uso de agroquímicos, entre outras.
Como o próprio termo regeneração sugere, a ideia propõe uma adoção mais radical e intensa das boas práticas agrícolas para que seja possível melhorar a saúde do solo e de outros recursos naturais, além de ajudar a recuperar os ecossistemas e tornar os sistemas produtivos mais resilientes.
Como? Em seus princípios básicos, a agricultura regenerativa se baseia muito no manejo do solo, com técnicas agrícolas como não revolver a terra, usar múltiplas culturas de cobertura, aplicar fertilizantes e defensivos biológicos para tratar pragas e doenças, e fazer rotação de culturas e conservação do sistema hídrico, entre ouros.
Parte dessas práticas já se fazem presente em sistemas produtivos adotados pelos produtores brasileiros, como o plantio direto e a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), mas na agricultura regenerativa devem ser intensificadas para recuperar solos empobrecidos e garantir seu melhor uso.
A agricultura regenerativa vem de encontro a aperfeiçoar o sistema convencional produtivo e contribuir ainda mais com a manutenção da biodiversidade reduzindo as emissões de CO2, além disso, indica que a produção agropecuária tem capacidade de ajudar na reversão dos danos, recuperar a fertilidade dos solos e regenerar os sistemas naturais.
Entre os benefícios da adoção ampla de práticas regenerativas estão o aumento do estoque de carbono no solo, promoção da biodiversidade, melhor produtividade e rentabilidade produtiva e consequentemente da geração de renda e empregos no campo, além da segurança alimentar.
A agricultura regenerativa faz parte das metas definidas pela ONU nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) na Agenda 2030 – presente em pelo menos nove ODS, demonstrando a relevância do tema e a crença dos líderes globais de que ela tem potencial de atender às necessidades de produção alimentar com redução de impactos. A prática também tem conquistado o interesse de agricultores, empresas e investidores de fundos ESG.
A Unilever organizou, com a contribuição da Produzindo Certo, e divulga uma política e práticas de agricultura regenerativas para seus fornecedores globalmente. Os materiais estão disponíveis no site internacional da companhia (apenas em inglês).
E, junto com outras grandes empresas que dependem dos insumos da cadeia agropecuária como Danone e Nestlé, a Unilever criou em 2002 o Sustainable Agriculture Initiative Platform (SAI Platform) que identifica e ajuda a disseminar práticas mais sustentáveis, entre elas a agricultura regenerativa. Hoje, a organização é integrada por marcas de diversos segmentos, incluindo as principais traders do agronegócio, como a ADM.