A tokenização está emergindo no agronegócio como uma estratégia inovadora para revolucionar a forma como os ativos são financiados, negociados e gerenciados no setor. A prática, que envolve a conversão de ativos físicos ou virtuais em tokens digitais, oferece uma série de vantagens e desafios.
Entre os pontos positivos, a modalidade proporciona maior liquidez aos ativos agrícolas e permite que sejam fracionados e negociados de forma mais eficiente por meio de plataformas de blockchain.
Isso significa que os agricultores e investidores podem acessar novos mercados e diversificar seus portfólios com mais facilidade. Além disso, a tokenização reduz os custos de transação e elimina intermediários, tornando os processos de compra e venda mais rápidos e transparentes.
Outra vantagem é a possibilidade de rastreabilidade e transparência ao longo de toda a cadeia de suprimentos. Os tokens podem ser usados para registrar informações como origem, métodos de cultivo, práticas de sustentabilidade e histórico de qualidade de um determinado produto agrícola.
Essa particularidade ajuda não só a aumentar a confiança do consumidor, como também pode contribuir para o combate a fraudes e na garantia da conformidade com regulamentações ambientais e de segurança alimentar.
Ativos ambientais
Algo que tem chamado atenção é o número de empresas que estão investindo em ativos ambientais. É o caso da
Bluebell Index, fintech que acaba de anunciar a emissão de 1,6 milhão de tokens (cerca de R$ 200 milhões) para gerar renda a produtores rurais, conforme reportagem recente do Portal AgFeed.
Os créditos dessa nova emissão foram gerados em dez propriedades espalhadas pelo País e, além de áreas preservadas, existem algumas fazendas que atuam com produção por meio de agroflorestas e sistemas de agricultura regenerativa.
O Grupo Brasil Mata Viva também se destaca nesse mercado com a geração de criptoativos em áreas de preservação protegidas por produtores rurais.
A empresa lançou recentemente o “MundiToken”, um token ambiental que dá a empresas e pessoas físicas e possibilidade de reduzir a pegada de carbono. Esses ativos ficam registrados em blockchain e representam Unidades de Crédito de Sustentabilidade (UCS).
Na prática, essas UCSs são áreas preservadas por 230 proprietários rurais de estados do Norte e do Sudeste do Brasil. Há também áreas públicas, como a do rio Iratapuru, no Amapá, de acordo com reportagem do InfoMoney.
Desafios
No entanto, a tokenização no agronegócio também enfrenta desafios importantes. Um dos principais é a necessidade de infraestrutura digital robusta e segura para suportar a emissão e negociação de tokens. Isso inclui a implementação de tecnologias como blockchain e contratos inteligentes, além de medidas de segurança cibernética para proteger os ativos digitais contra possíveis ataques.
Outro desafio é garantir a inclusão e a equidade no acesso aos benefícios dessa prática. Pequenos agricultores podem enfrentar barreiras de acesso devido à falta de familiaridade com tecnologias digitais ou à infraestrutura inadequada de conectividade à internet.
Em resumo, a tokenização no agro oferece vantagens significativas em termos de liquidez, transparência e eficiência operacional, mas também apresenta desafios relacionados à infraestrutura digital, regulamentação e inclusão.
Superar esses desafios exige a colaboração entre os diversos atores do setor para garantir que a tecnologia seja implementada de forma responsável e sustentável, promovendo o crescimento e a inovação no agronegócio.
Conheça os principais termos:
Token: É a representação digital de frações de ativos reais que possuem valor comercial. Podem representar tanto bens tangíveis, como equipamentos e imóveis, quanto ativos intangíveis, como direitos autorais e patentes.
Criptomoedas: São moedas do ambiente virtual que podem ter uso real apesar de não serem emitidas por nenhum banco central, o que as diferencia do Dólar e do Real, por exemplo. Apesar disso, as criptomoedas podem ser consideradas dinheiro, e podem ser acessadas e utilizadas através da internet.
Criptoativos: São ativos digitais baseados em tecnologia de criptografia, como blockchain, que representam valor e podem ser negociados eletronicamente. Eles incluem criptomoedas, tokens e outros ativos digitais, e são conhecidos por sua descentralização, segurança e transparência.
Bitcoin: O Bitcoin é uma criptomoeda concebida como uma forma criptografada do dinheiro sendo uma moeda assim como o dólar ou o real, porém, ela possui algumas diferenças bem específicas, como por exemplo, o fato dela não ser algo “tangível” e por ser emitida sem interferência do Banco Central ou governos.
Blockchain: É o nome da tecnologia de registro distribuído (DLT, na sigla em inglês) que nasceu junto com o Bitcoin (BTC) no final de 2008. Em síntese, ela é um grande livro-razão que registra as transações entre pessoas, sem um intermediário.
Fontes: Brasil Escola e InfoMoney
Veja alguns exemplos do que é possível tokenizar no agro:
- Grãos
- Rebanhos
- Estoques de produtos agrícolas
- Produção de leite
- Produção de carne
- Safras futuras
- Terras
- Projetos de expansão e desenvolvimento agroindustrial
- Investimentos em biotecnologia, mecanização e sustentabilidade
Vantagens da tokenização:
Acesso a capital: Tokenizar produtos agrícolas permite aos produtores acessar o capital de investidores, sem necessariamente recorrer a empréstimos bancários tradicionais.
Redução de custos: Com a prática, os produtores podem reduzir os custos associados à intermediação financeira, uma vez que eliminam a participação dos bancos ou outras instituições financeiras.
Transparência e liquidez: A tokenização pode trazer maior transparência ao mercado agrícola, e, dependendo da infraestrutura de mercado, pode aumentar a liquidez, facilitando a compra e a venda de ativos agrícolas.
Principais desafios:
Regulamentação: A falta de clareza regulatória em relação aos tokens digitais pode criar incertezas sobre questões como propriedade, governança e tributação, dificultando a adoção mais ampla da tokenização.
Segurança cibernética: A prática requer infraestrutura digital segura para proteger os ativos digitais contra fraudes, ataques cibernéticos e roubo de identidade.
Inclusão e acessibilidade: É necessário garantir que a tokenização seja acessível e inclusiva para todos. Isso inclui a necessidade de infraestrutura digital confiável e o desenvolvimento de programas de capacitação e educação.