Parceria entre Philip Morris e Produzindo Certo quer incluir mais de 5 mil produtores de tabaco em programas de sustentabilidade no campo
O mês de fevereiro de 2021 começou agitado na planta da Philip Morris Brasil (PMB) em Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul. Sede de uma das principais operações da empresa, ela é agora também o ponto central de um dos mais relevantes programas de sustentabilidade envolvendo pequenos produtores rurais no País, o Responsible Leaf. Depois de quase um ano de projeto piloto e cerca de dois meses de treinamentos, técnicos da companhia saíram a campo com o objetivo de levar a mais de 5 mil propriedades dos três estados do Sul do Brasil um novo conceito de parceria para torná-las mais sustentáveis e produtivas e, ao mesmo tempo, totalmente adequadas às demandas do mercado e da legislação.
“Em termos de sustentabilidade no campo, o Brasil já era um modelo dentro da empresa, em âmbito global, mas chegamos a um momento em que precisávamos dar um salto”, afirma Roberto Schloesser, gerente de Sustentabilidade da Philip Morris Internacional (PMI). “O Responsible Leaf foi o caminho que encontramos para nos desafiarmos ainda mais em relação ao que já vinha sendo feito junto a toda cadeia de fornecedores de tabaco que temos”.
O projeto foi desenhado pela PMB há pouco mais de um ano em parceria com a Produzindo Certo, responsável por dar consistência técnica e legal às ações realizadas junto aos agricultores. Ao longo de 2020, técnicos da Produzindo Certo conduziram uma experiência-piloto do programa junto a 123 pequenos produtores que fornecem tabaco para a multinacional no Rio Grande do Sul. Os técnicos da Produzindo Certo apresentaram a proposta aos produtores parceiros da Philip Morris para realização de um piloto cuja adesão era totalmente voluntária. A partir da aceitação em participarem do programa foi feito um diagnóstico socioambiental de cada propriedade, em que indicavam as melhorias necessárias para que elas ficassem totalmente adequadas às melhores práticas e às legislações ambiental e trabalhista. Baseado nestas informações, os técnicos ajudaram os produtores a elaborarem um plano de ação a ser executado para conseguirem essa adequação.
Com 95% de aceitação, o programa piloto foi incorporado à política de sustentabilidade já executada há anos pela PMB e estendido à totalidade dos produtores fornecedores. “O piloto serviu para confirmar o que já tínhamos de expectativa”, diz Schloesser. “Conhecíamos a seriedade e a expertise da Produzindo Certo e o quanto ela poderia agregar aos produtores parceiros. Com a entrega dos diagnósticos e planos de ação, ficou claro o potencial da parceria em termos de desenvolver os conceitos de sustentabilidade junto ao pequeno produtor.”
Segundo o gerente da PMI, responsável pela implantação do programa, a partir do piloto foi possível observar alguns benefícios trazidos pelo Responsible Leaf à atuação da empresa na área de sustentabilidade:
- Ao avaliar o produtor individualmente e preparar um diagnóstico muito detalhado, entregue pelo orientador de campo aos produtores, a PMB pode enxergar com mais clareza alguns itens que escapavam de suas análises anteriores.
- A presença da Produzindo Certo no programa oferece aos produtores e à empresa maior solidez na avaliação e no atendimento das questões referentes à legislação ambiental.
- Por ser voluntária, a adesão dos produtores aos planos de ação mostrou potencial de aumento do engajamento dos fornecedores no que se refere à sustentabilidade.
- A ferramenta disponibilizada pela Produzindo Certo permite à PMB quantificar, através do score socioambiental, o estágio de cada um e do conjunto da cadeia de fornecimento. Com isso, é também é possível avaliar e acompanhar a evolução. “Uma das coisas que mais nos atrai é o conceito de melhoria contínua dos indicadores de sustentabilidade. Não dá para falar disso sem ter referência. O score nos ajuda a ver evolução que a gente espera, menos subjetiva”, diz Schloesser.
As metas estabelecidas para o programa são ambiciosas. A inclusão dos mais de 5 mil fornecedores da PMB deve ocorrer em apenas dois anos. Todos serão visitados pelos orientadores técnicos de sustentabilidade da empresa, seguindo um planejamento que prevê, já em 2021, a participação 45% deles, cujas propriedades se localizam no Rio Grande do Sul. No ano seguinte, o objetivo é contar com a adesão dos produtores de Santa Catarina e do Paraná.
“Só conseguiremos cumprir essas metas porque todos os nossos orientadores de campo, que atuam junto aos produtores na área produtiva, também já levavam anteriormente conceitos de sustentabilidade”, explica Amanda Cosenza, gerente de Comunicação e Sustentabilidade da PMB. Com a implantação do Responsible Leaf, a equipe de orientadores foi dividida: metade permaneceu com foco nas questões agronômicas e produtivas; e a outra metade recebeu treinamento da Produzindo Certo para se dedicar integralmente aos aspectos de sustentabilidade. Além disso, receberão acompanhamento e assistência técnica permanente da Produzindo Certo nessa nova missão.
Como já conhecem os produtores, os agora “orientadores de sustentabilidade” possuem uma vantagem: não precisam superar o primeiro desafio de programas como esse, que é ganhar a confiança dos produtores. “Esse é o pulo do gato”, diz Amanda. Outro ponto importante é que a adesão ao Responsible Leaf não tem custo algum para o produtor.
“Vamos oferecer a eles um serviço que nunca tiveram”, afirma Schloesser. “Vimos no piloto a satisfação do produtor, que é desconfiado por natureza. Uma vez que ele entendeu e viu o resultado, colocou bastante valor nisso, o que nos permite ter bastante otimismo em relação aos resultados futuros”.
E quais seriam esses resultados? Além da melhoria das condições socioambientais, a empresa acredita que o agricultor obterá maior produtividade e melhor qualidade da produção. “Está tudo interligado”, diz ele. E dá exemplos práticos: “Quando ele acaba com uma erosão ou melhora a qualidade da água na propriedade, consegue produzir melhor. Quando se fala em redução de desperdício, em mais limpeza, na adequação da propriedade, tudo remete a um melhor resultado.”
A transformação dos processos de produção pelos fornecedores está em linha com a transformação da própria Philip Morris Internacional. A companhia, que se estabeleceu nas últimas décadas como uma das mais bem sucedidas fabricantes de cigarros do mundo, está transformando seu modelo de negócio para construir, nas palavras de seu próprio CEO, Andre Calantzopoulos, um futuro sem fumaça.
Isso traz impacto nos produtos: há mais de uma década, a PMI lidera inovações no setor para desenvolver alternativas ao cigarro tradicional e possibilitar ao adulto fumante a escolha por produtos de risco reduzido. A empresa trabalha em prol de alternativas e novas tecnologias que não resultem na queima do tabaco, o que significa disponibilizar no mercado alternativas sem a combustão do tabaco, por meio de dispositivos que aquecem eletronicamente as folhas de tabaco, o chamado tabaco aquecido. Por não haver combustão, há redução significativa de substâncias nocivas ao organismo. É importante esclarecer, contudo, que o tabaco aquecido não é livre de riscos e a empresa reitera sempre que é um produto direcionado apenas a adultos fumantes.
Também nas fábricas e na frota de veículos, as fontes de energia devem ser substituídas por opções renováveis e sem emissões. “Para nós, sustentabilidade significa substituir os cigarros por alternativas melhores, enfrentar os desafios em toda a nossa cadeia de valor e aproveitar as oportunidades para agregar valor à sociedade”, afirma o CEO.
A produção do tabaco não poderia ficar à margem nesse processo. E nesse ponto, o Brasil, que produz 18% do insumo utilizado pela PMI, dá o exemplo. “O Responsible Leaf já começa servindo de modelo para outras regiões. A matriz está acompanhando de perto para analisar a possibilidade de replicar em outras regiões”, diz Schloesser.
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