Se 2022 foi o ano do crescimento e da consolidação de projetos, 2023 tem tudo para ter a marca da democratização do acesso à assistência técnica socioambiental
Expansão é umas das palavras que podem definir 2022 para a Produzindo Certo. Foi o ano da chegada de novos colaboradores, novos parceiros, da ampliação e consolidação de projetos no Brasil e do início da atuação da empresa em um novo país: a Argentina.
O número de funcionários praticamente dobrou (de 22 para 38) e o de fazendas cadastradas, também (saltou de 3,5 mil para mais de 6,4 mil), o que comprova o fortalecimento da Plataforma e o reconhecimento no mercado dedicado à produção responsável. “O principal desafio é conseguir crescer a equipe mantendo a cultura e os valores da empresa”, destacou Aline Locks, CEO da Produzindo Certo.
Para atender à demanda crescente por parte das empresas e produtores rurais pela assistência técnica socioambiental, cresceu também o investimento em tecnologia. Neste ano, foram e ainda estão sendo lançadas várias novidades, como o novo app Eu Produzo Certo, que além de apoiar a gestão ambiental, vai aproximar os produtores que fazem parte da Plataforma das oportunidades de negócios que valorizam a produção responsável.
Há ainda a divulgação de um ambiente digital interativo para o relacionamento com as empresas e a primeira versão do aplicativo coletor, ferramenta para a coleta de dados nas propriedades que poderá ser usada por extensionistas de todo País. “Internamente continuamos implementando melhorias nos nossos sistemas de maneira a garantir a segurança dos dados, compliance com a LGPD e agilidade nos processamentos”, reforça Charton Locks, COO da empresa.
Em 2023, o foco principal será a democratização da assistência técnica em sustentabilidade. O objetivo é capacitar extensionistas no Brasil todo e ampliar a produção responsável, principalmente entre pequenos e médios produtores. Aline e Charton Locks também enxergam cada vez mais crescimento na adoção do modelo de agricultura regenerativa e no fortalecimento do financiamento verde. “Há um movimento grande em desenvolver maneiras de canalizar recursos dentro de uma estratégia de transição para uma agricultura sustentável, incentivando o produtor a aumentar sua performance socioambiental”, destaca Aline.
O novo ano também chega com novas parcerias e metas ambiciosas, como a inclusão de 5 mil fazendas na PPC e o aumento da atuação nos estados do Maranhão, Bahia e Tocantins. Com muitos projetos à vista, os executivos apresentaram, em entrevista ao blog, um balanço das conquistas de 2022 e as perspectivas para o próximo ano. Acompanhe a seguir:
Quais foram os principais pontos de destaque no desempenho da Produzindo Certo em 2022?
Aline: Tínhamos a meta de incluir 2,8 mil propriedades na PPC e atendemos cerca de 3 mil. Através da Plataforma Produzindo Certo (PPC) foram originadas mais de 6 milhões de toneladas de soja, sendo 1,6 milhão de toneladas de soja responsável certificada pela RTRS (25% do volume global). Pagamos, diretamente pela Produzindo Certo, cerca de R$ 1,2 milhão em prêmios de sustentabilidade aos produtores em créditos de soja e couro sustentável, além de outros R$ 2 milhões indiretamente.
Os nossos conteúdos também foram destaques. Nosso blog bateu a marca de 40 mil acessos durante este ano, crescimento de mais de 70% quando comparamos com 2021. Fomos destaque em revistas nacionais do setor. E ainda iniciamos a expansão internacional, começando a atuar em um novo país, a Argentina.
Charton: Um marco do ano certamente foi o lançamento do app Eu Produzo Certo, nossa primeira ferramenta de contato digital com os produtores da PPC. Essa ferramenta, que além de apoiar a gestão ambiental das propriedades, aproxima ainda mais os produtores da PPC das oportunidades de negócios verdes que oferecemos.
A Produzindo Certo praticamente dobrou de tamanho neste ano, seja em número de fazendas cadastradas, seja no número de funcionários. Quais os principais desafios desse crescimento?
Aline: O principal desafio é conseguir crescer a equipe mantendo a cultura e os valores da empresa. O treinamento deste time, considerando o trabalho de alta complexidade que executamos, demanda muita capacitação e um apoio constante do time mais experiente, que acaba se dividindo para manter suas atividades e mentorar os novos colegas.
Também exigiu bastante da gente o aperfeiçoamento dos nossos sistemas de análises para acompanhar as tendências e as novas exigências, como por exemplo a LGPD, a nova legislação europeia para a importação de commodities, a legislação nacional (como a NR 31), entre outras.
Quais foram, para vocês, os pontos que mais influenciaram nos negócios da PC em 2022?
Charton: Nossos investimentos em tecnologia aumentaram a competitividade dos nossos serviços, custos e capacidade de atendimento. Além disso, encontramos um mercado aquecido. As empresas estão cada vez mais se comprometendo com o tema sustentabilidade em suas estratégias e, consequentemente, os produtores estão sendo cada vez mais demandados sobre a transparência e performance socioambiental atrelados aos seus processos produtivos e sua produção. O olhar do setor financeiro para o ESG, sem dúvidas, também tem uma grande influência.
Olhando para projetos específicos, quais seriam as principais conquistas?
Charton: Sem dúvidas, a consolidação do projeto de couro sustentável foi uma grande conquista. Fazer o incentivo financeiro sair de uma ponta, no caso a indústria da moda, e chegar na outra ponta, que são os produtores, é motivo de comemoração.
Outro projeto muito importante para o agro brasileiro, foi um que estabelecemos com uma empresa de insumos com o objetivo de orientar os produtores com fazendas embargadas sobre os caminhos para o desembargo, revertendo a lógica de exclusão de fornecedores adotada pela maior parte das empresas do setor. Na prática, ao identificar um produtor embargado, o programa oferece nossa assistência técnica ao produtor e um prazo para que ele tome as providências para o desembargo, ao invés de apenas bloqueá-lo comercialmente.
Um dos pontos mais complexos no ano foi o do crédito verde. Quais foram as principais dificuldades nessa área?
Aline: Em 2021 e 2022, o ambiente econômico no Brasil e no mundo foram bastante desafiadores, com o aumento da inflação mundial, proveniente dos reflexos da COVID, e também da guerra entre Rússia e Ucrânia, o que desencadeou ao longo do período, uma forte alta das taxas de juros globalmente, visando conter a inflação.
As incertezas no cenário político e fiscal brasileiro foram outros fatores que contribuíram para aumentar o prêmio de risco exigido por investidores nacionais e internacionais em 2022.
As commodities que vinham de uma forte valorização, incluindo uma mudança no patamar de preços, possibilitou que alguns produtores se encontrassem em uma posição mais favorável em termos de capitalização, e pouco propensos a tomar crédito a custos mais altos.
Com tantas incertezas, e aumento dos prêmios de risco, nossa premissa inicial de um capital de risco disposto a aceitar ativos ambientais como parte da remuneração acabou não se concretizando.
Qual o cenário que vocês enxergam para o próximo ano? Alguma área específica do agro deve ter destaque, quando relacionado a produção responsável?
Aline: O tema agricultura regenerativa continuará em evidência, especialmente a adoção de bioinsumos. Nós já temos uma demanda para levar assistência técnica em agricultura regenerativa para centenas de propriedades em 2023, algumas delas inclusive já receberão um prêmio associado a adoção desse tipo de prática.
As operações financeiras verdes também devem continuar em evidência e tendem a ganhar escala em 2023. Há um movimento grande em desenvolver maneiras de canalizar recursos dentro de uma estratégia de transição para uma agricultura sustentável, incentivando o produtor a aumentar sua performance socioambiental.
Para 2022, vocês previram (e acertaram) que a marca seria a da expansão e da consolidação de projetos. E para 2023, quais serão essas marcas?
Charton: Para 2023, a nossa estratégia está desenhada para que a democratização da assistência técnica em sustentabilidade seja a marca. Nós vamos capacitar e oferecer ferramentas para que extensionistas rurais espalhados pelo Brasil todo possam escalar a produção sustentável, principalmente entre os pequenos e médios produtores rurais.
Qual a expectativa de crescimento em termos de número de projetos e propriedades cadastradas? Já podemos anunciar alguns deles?
Aline: Já temos algumas novas parcerias que terão o start apertado em 2023. Entre elas estão uma parceria com uma instituição financeira, que considerará o score Produzindo Certo para oferecer condições de crédito diferenciadas aos produtores rurais da nossa plataforma. Outra parceria será com uma indústria de alimentos, dentro de uma estratégia de avançar na cadeia da soja com as “refinarias verdes”.
Em relação ao volume de fazendas, nossa meta é adicionar 5 mil fazendas na plataforma em 2023. Aumentaremos nossa presença no Maranhão, Bahia e Tocantins.
O projeto de internacionalização vai levar a PC a mais países? Para a Argentina, há previsão de expansão?
Charton: Não temos como meta alcançar um novo país em 2023, mas estamos abertos para discutir com nossos parceiros oportunidades fora do Brasil. O que já temos certo é que continuaremos expandindo a atuação da Produzindo Certo na Argentina.
Quais são os planos na área da tecnologia? Novas funcionalidades e expansão do app?
Charton: Queremos melhorar ainda mais a experiência dos usuários de nossos sistemas. A evolução do nosso sistema e a integração com parceiros estratégicos, em busca de apoiar a rastreabilidade dos produtos sustentáveis também está no nosso radar.
Em relação aos projetos já existentes, quais as perspectivas?
Aline: Manteremos e expandiremos vários deles, como por exemplo as estratégias com as cooperativas, e também com as traders de grãos. Com alguns, estamos ampliando o escopo, incluindo apoio a certificações internacionais, inventário de emissões de gases do efeito estufa e medição de carbono por satélite, por exemplo. Clientes e parceiros, como por exemplo ADM do Brasil, Unilever, LDC, PMB, CJ Selecta, Radicle, GIZ, P4F, SCF, LIF, Textile Exchange e Nutrien, continuarão conosco em 2023.