Quinta edição da série Vozes Responsáveis apresentou novo aplicativo da Produzindo Certo
O mais conhecido verso do poeta português Fernando Pessoa é o que diz “Navegar é preciso. Viver não é preciso”. A construção simples das frases esconde uma reflexão profunda e uma dubiedade que ilude aos que fazem a leitura rápida. Preciso, aqui, pode até ser visto como necessário, mas o poeta falava de ser exato. Ou talvez de ambos. Necessidade e precisão.
Peço licença para emprestar a ideia e aplicá-la ao ambiente rural. “Produzir é preciso. Colher não é preciso”. Assim como os navegadores ao se lançar ao mar, produtores rurais, ao lançarem sementes, embarcam em uma jornada em que cada decisão pode determinar o destino ao final da safra. Até a colheita, há, como na vida, a ação do imponderável, daquilo que não se controla, do que não é preciso.
A tecnologia, ao navegar e ao produzir, tem o poder de oferecer instrumentos que vão ajudá-los a minimizar os efeitos do incontrolável. Já há algumas décadas falamos da agricultura de precisão, um conceito que por muito tempo dividiu o mundo do campo, por oferecer muito, custar caro, mas entregar pouco. A tecnologia estava lá, mas não havia infraestrutura e qualificação para operá-la.
A era da agricultura digital, 30 anos mais tarde, está mudando essa percepção. Com ferramentas mais simples, mais sintonizadas à realidade do campo, é possível dizer que produzir pode ser preciso. Ou até mais: produzir de forma responsável é preciso – necessário e exato.
Nesta semana, ao lançar o aplicativo Eu Produzo Certo, a Produzindo Certo iniciou uma nova fase em sua história ao oferecer ao produtor responsável um instrumento que vai lhe permitir fazer a gestão socioambiental da sua propriedade com agilidade e precisão, a partir de informações claras, objetivas. Tudo na palma da sua mão.
A produção responsável é uma jornada e aqueles que já se lançaram nela sabem que não se chega ao destino planejado sem auxílio e conhecimento. Acreditamos que a tecnologia ajuda a fazer esse conhecimento circular mais rápido e com menor margem de erro, mas que por trás dela é preciso ter gente que interprete as informações e faça as recomendações corretas.
Fazer agricultura de precisão sem boas recomendações agronômicas, muitas vezes, pode ser o mesmo que adotar má agronomia com precisão. E então os resultados não virão.
Com as boas práticas socioambientais é a mesma coisa. Juntamente com a tecnologia é preciso (necessário) que conhecimento e a assistência técnica venham junto. Esse é o pacote que embalamos com o aplicativo Eu Produzo Certo. A tecnologia agilizará processos e comunicação e entregará com mais rapidez nossos tradicionais diagnósticos, planos de ação e permitirá ao produtor consultá-los e registrar as evidências georreferenciadas das melhorias executadas de forma muito mais simples. Mas não substituirá as visitas presenciais e o contato humano. Continuaremos visitando as fazendas, entendendo as dificuldades e compartilhando as vitórias dos agricultores e pecuaristas. É disso que somos feitos. Tudo só será bom para a gente se for bom para o produtor rural.
VOZES RESPONSÁVEIS
Foi com essa lógica em mente que, para o lançamento do app, nos preocupamos em ir além de mostrar a tecnologia. Queríamos falar de como as inovações têm se tornado reais aliadas da produção agropecuária eficiente, rentável e responsável — e também de como quem desenvolve essas inovações precisa estar atento às reais necessidades do produto.
Com esse mote em mente, preparamos a quinta edição da série de lives Vozes Responsáveis, que aconteceu na última terça-feira (10). Voltado ao produtor rural e com o tema “A Fazenda na Palma da Mão”, o encontro virtual reuniu especialistas em tecnologias e tendências no campo para debater os benefícios da utilização das ferramentas tecnológicas no agronegócio.
Faço um agradecimento especial aos convidados que aceitaram participar conosco dessa conversa e que agora integram o time de Vozes Responsáveis: Maurílio Figueiredo Cristófani, da fazenda Barra Grande; Sérgio Barbosa, gerente executivo da EsalqTec; Fábio Silva, líder AgTech do AgriHub; e Daniel Trento, coordenador de Inovação Aberta do Ministério da Agricultura.
Deixo também um convite para que assistam à íntegra, disponível em nosso canal do Youtube. Para aguçar a curiosidade, segue um resumo do que aconteceu nessa noite que já entrou para a história da Produzindo Certo.
Tecnologias no campo com foco no produtor
Qualquer ferramenta tecnológica com foco no agro sustentável precisa ser pensada para o agricultor. Ou seja, deve ser de fácil acesso, ter uma linguagem clara e simples e trazer resultados financeiros à propriedade, defendeu Sérgio Barbosa, nem sua primeira intervenção na live.
“O produtor tem que ganhar dinheiro, então a ferramenta tem que contribuir para o desenvolvimento local e das pessoas que estão na atividade e também contribuir para o meio ambiente. Afinal, nosso cliente tem uma forma de se comunicar que nós precisamos considerar ao criar ferramentas.”
Referência no ecossistema de inovação para o agro, Barbosa comentou sobre o perfil dos jovens empreendedores no país e relatou que as soluções para o agronegócio que vêm surgindo estão cada vez mais focadas em sustentabilidade e rentabilidade. “Isso já está implícito em nossa realidade e não tem como regredir.”
Inovação tecnológica como fator competitivo
No campo, quanto mais ferramentas tecnológicas o produtor puder contar, melhores serão os resultados, isso porque poderá controlar diversos fatores determinantes para uma boa produção. Diante desse cenário, Daniel Trento, do Mapa, afirmou que a inovação tecnológica e a sustentabilidade deixaram de ser temas restritos apenas à academia e passaram a ser parte do dia a dia das empresas.
“As duas vertentes, tanto sustentabilidade quanto inovação tecnológica, são fatores de competitividade hoje no agronegócio. Então, a Secretaria de Inovação tem atuado principalmente nessas frentes”, disse, ressaltando que pesquisas, investimentos e empreendedorismo são fatores fundamentais para um agronegócio tecnológico, sustentável e rentável.
“Não é só preservar por preservar”
Em uma de suas falas,Fábio Silva, do Agrihub, disse que não há como criar ferramentas tecnológicas voltadas para a gestão da sustentabilidade socioambiental sem pensar em todo universo que isso envolve, “não é só preservar por preservar”.
“Nós não podemos esquecer que o produtor não vai manter um hectare de floresta, sendo que ele pode produzir naquilo, se não trouxer nenhum benefício para ele. Nós precisamos que a produção aconteça e que esse produtor tenha a possibilidade de gerar renda para ele e transferir essa renda para a cidade, que é o que acontece.”
Ainda conforme Silva, há uma grande evolução dentro da agropecuária brasileira e os tomadores de decisão nas propriedades estão se tornando cada vez mais jovens, o que tem tornado o debate sobre sustentabilidade e tecnologia no campo mais acessível. “Isso por si só já é muito bom e tem ajudado em diversos aspectos”, contou.
Sustentável para além do papel
À frente da Fazenda Barra Grande, situada no interior de São Paulo e reconhecida por suas cachaças sustentáveis premiadas, Maurílio Figueiredo Cristófani, representante dos produtores no encontro, comentou como os aplicativos podem ser úteis na gestão de propriedades rurais.
Para Cristófani, que exibe o Selo Produzindo Certo em um dos rótulos de cachaça que produz, agricultores que trabalham com produtos sustentáveis precisam contar com as ferramentas de gestão socioambiental a seu favor. Isso porque, com elas a seu dispor, é possível acompanhar tudo que acontece na propriedade em tempo real e ainda garantir mais rendimentos.
“Podemos ter uma avaliação mais rápida do que está acontecendo no campo e ainda compartilhar as informações com pessoas que nos relacionamos no dia a dia […] com o aplicativo. Assim, transmitimos credibilidade para os clientes, pois conseguimos provar que somos sustentáveis para além do papel”, disse.
“Eu Produzo Certo”
Charton Locks, COO da Produzindo Certo, explicou que o aplicativo Eu Produzo Certo surgiu a partir da identificação de três dores do agronegócio sustentável — a dificuldade em obter uma assistência técnica especializada, a falta de transparência sustentável nas propriedades e os problemas para conectar os agricultores com os melhores mercados.
“Nosso aplicativo tem a ambição de permitir que o produtor consiga ver toda a situação da fazenda dele, compartilhar isso com quem ele acha que é relevante e ainda ter acesso aos compradores que querem fazer uma compra sustentável.”
“Este app permitirá que o produtor tenha o diagnóstico socioambiental da sua fazenda na palma da mão, assim ele poderá monitorar e gerenciar os indicadores sociais e ambientais de sua fazenda pelo celular”, complementa.
O aplicativo, totalmente gratuito, servirá como um canal de conexão entre o produtor e as oportunidades de negócio que valorizam o agronegócio responsável, como por exemplo, crédito verde, mercado de carbono, certificações, ofertas para venda de sua produção, entre outros.
Assista, na íntegra, o quinto encontro das Vozes Responsáveis em nosso canal no Youtube.
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