CRA Verde.Tech recebe certificação da Climate Bonds Initiative e reforça seu papel inovador para a transformação do crédito agrícola
Em março, sete produtores rurais de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul se tornaram pioneiros ao se lançarem no mercado de títulos verdes e captarem mais de R$ 63 milhões para financiar sua atividade agrícola e promover a preservação ambiental. Essa foi a primeira emissão pulverizada do gênero, reunindo produtores rurais sem ligação a um grupo agroindustrial. Neste mês de junho, esse grupo de precursores alcançou mais uma conquista inédita: o CRA Verde.Tech, como a operação foi batizada, recebeu certificação da Climate Bonds Initiative (CBI), uma organização internacional e referência global em critérios de rotulagem desse tipo de transação. Segundo a CBI, a operação é a primeira realizada coletivamente por produtores a poder exibir certificação de acordo com os seus novos critérios agrícolas, estabelecidos em outubro. E apenas a terceira no mundo, se consideradas as feitas também por grandes grupos agrícolas.
“Operações verdes desta natureza certamente vão inspirar mais emissões coletivas, que ajudarão a destravar investimentos para os produtores agrícolas brasileiros”, comenta Leisa Souza, Head para América Latina da CBI.
O pioneirismo e a relevância do CRA Verde.Tech fez com que a certificação fosse destacada por alguns dos principais veículos de comunicação do país, tanto na área financeira como na de agronegócio (confira nas imagens ao longo desse texto). Resultado da parceria entre as empresas Produzindo Certo, Traive e Gaia Impacto, a operação de CRA (Certificado de Recebíveis Agrícolas) tem como lastro a emissão, por parte dos produtores, de 17 CPRs (Cédulas de Produto Rural), em que estão vinculados, além de compromissos produtivos e financeiros, uma série de metas de desempenho socioambiental em suas propriedades.
A transação e agora sua certificação internacional concretizaram uma tendência aventada no agro há alguns anos, mas às vezes vista com desconfiança pelo produtor rural por conta da sua distância do mercado financeiro e pouco conhecimento a respeito. A modalidade ganhou força especialmente no último ano com emissões de conglomerados do agronegócio.
Nesse caso, a operação que reúne produtores rurais independentes confirma o interesse e a confiança dos investidores na atividade agropecuária brasileira, especialmente quando os produtores comprovam seu compromisso com a produção responsável.
“Estou feliz com o resultado de um trabalho conjunto e em dar a opção ao médio produtor de participar do mercado de capitais e acessar fundos internacionais de investimentos. E, com o selo da Climate Bonds Initiative, é transformador!”, afirma Aline Locks, CEO da Produzindo Certo.
Os compromissos assumidos pelos produtores no CRA Verde.Tech permitirão a preservação de 24.667 hectares de áreas protegidas com vegetação nativa intactas – sendo 2.505 hectares de matas ciliares no entorno de 387 quilômetros de rios e 141 nascentes. Os proprietários rurais ainda vão usar os recursos captados para financiar a produção. A área total das propriedades soma 78.452 hectares.
Cooperação que beneficia o campo
A operação foi possível graças à soma das expertises das três empresas envolvidas, demonstrando o valor estratégico que boas parcerias podem levar ao campo:
– A Produzindo Certo, especializada em diagnósticos e planos de gestão socioambientais, reuniu e analisou as propriedades, e definiu as metas que elas devem atingir durante a vigência dos contratos.
– A Traive, fintech voltada à estruturação e modelagem de soluções financeiras para o agro, utilizou sua plataforma tecnológica para as análises de riscos de crédito dos produtores.
– Coube à Gaia Impacto, uma das principais securitizadoras de CRA, a estruturação, formatação junto aos órgãos oficiais e a intermediação da negociação dos títulos no mercado financeiro.
Diferenciais para o investidor e para o produtor
Por meio da tecnologia e de uma metodologia inovadora, os parceiros conseguiram superar os principais desafios que dificultam que investimentos estrangeiros cheguem diretamente aos produtores rurais brasileiros, como a quantificação do risco de crédito. Isso minimiza incertezas e possibilita ao investidor calcular seu retorno baseado no risco real, reduzindo assim custos e juros.
A verificação socioambiental garante que os recursos financeiros sejam destinados aos produtores com as melhores práticas socioambientais e que visam aprimoramento contínuo.
Já o seguro agrícola customizado especificamente para essa operação permite a transferência de riscos climáticos do produtor, dando uma garantia extra a ele e ao investidor.
Para os produtores que aderiram, o modelo do CRA Verde.Tech oferece ainda uma série de benefícios. Entre eles, a liberdade para uso dos recursos em suas propriedades. Seus compromissos com ações socioambientais, verificados pela Produzindo Certo, são valorizados pelos investidores, o que contribui para a captação dos recursos com taxas mais vantajosas.
A tecnologia da Traive para seleção da carteira de créditos possibilitou a exclusão de custos normalmente adicionados a operações de securitização, sem comprometer o nível de risco para o investidor final dos papéis. Somando-se à desburocratização na formalização de documentos e à participação de investidores com o perfil da operação, obteve-se um custo final para os produtores significativamente inferior aos normalmente praticados no mercado.
Além disso, o CRA Verde.Tech garante previsibilidade ao produtor, com vencimento apenas em 2025 e trâmite simplificado para novas liberações de crédito para as próximas safras.
Os produtores ainda podem contar com um seguro agrícola sob medida, com maior flexibilidade para escolher as condições de cobertura, conforme seu histórico produtivo e atendendo suas reais necessidades.
Novas emissões
Segundo os parceiros envolvidos na emissão do CRA Verde.Tech, a operação deve ser apenas a primeira de uma série. Produzindo Certo, Traive e Gaia já mapearam oportunidades que permite replicar a estrutura e aproximar credores e produtores. O resultado final é oportunizar dezenas de milhões de dólares de investidores para crédito agrícola, com uma opção vantajosa para o produtor que atua baseado nos critérios do agro sustentável.
“Houve um tempo em que o problema era a falta de interesse por finanças verdes. O problema é como podemos atender a essa enorme demanda que só está aumentando gradativamente, e como podemos corresponder às expectativas e aos desafios que vêm com ela. Como podemos escalar? Cooperação!”, resume Mauricio Quintella, COO da Traive.
“Isto abre uma porta para que grupos de produtores que plantam de uma forma responsável social e ambientalmente, preservando o meio ambiente, possam acessar Fundos de Investimentos que aplicam em títulos verdes. O CRA Verde é uma importante ferramenta que pode ser emitido em reais ou em dólares, sendo esse último exclusivamente para investidores estrangeiros”, completa Renato Barros Frascino, diretor de Agronegócio do Grupo Gaia.
Clique aqui para saber mais sobre o CRA VERDE.TECH