Democracia é cultura tinhosa. Exige cuidado permanente, irrigação constante, doses regulares de fertilizantes. Se bem cuidada, floresce e frutifica – e todos se beneficiam de suas colheitas. É planta ao mesmo tempo frágil e resiliente, capaz de enfrentar intempéries, mas fraquejar diante de condições extremas.
Democracia é nutriente básico das sociedades que progridem. Planta-se democracia para colher oportunidade, direito de expressão, liberdade para tomar decisões e produzir. Quando ela é escassa ou ausente, tudo isso enfraquece. O agronegócio, também.
Democracia e agronegócio têm, assim, muito em comum. Precisam de terreno fértil e clima propício. Sofrem com instabilidades e com o descuidado. Oferecem fartura quando cultivados dentro de regimes ordeiros e de respeito.
A produção responsável, da mesma forma que a democracia, é uma escolha. O direito à propriedade é inalienável e o que fazemos com ela depende do nosso livre arbítrio, direito inclusive garantido pela constituição e que deve ser respeitado. A agropecuária consciente exige, por exemplo, a observância das regras ambientais e sociais. A democracia, o respeito à diversidade de opiniões.
Democracia e agro vivem em ciclos, safras e mandatos. Às vezes mais produtivos, outras menos, eles se sucedem. Mesmo quando não colhemos o desejado, seguimos cultivando porque sabemos que haverá um novo período, uma nova oportunidade. A resiliência é a característica do agro.
Agro e democracia têm caminhado e prosperado juntos nas últimas décadas. O setor agropecuário superou dificuldades e divergências. Negociou com diferentes governos e criou condições para dar saltos de produtividade, colher sucessivas safras recordes e conquistar cada vez mais mercados.
No ambiente democrático, ocupou espaços graças à participação de seus representantes. No Congresso, a Frente Parlamentar do Agronegócio é uma das mais ativas, com representantes de diferentes partidos. Nomes como os de Blairo Maggi, Tereza Cristina e, agora, Carlos Fávaro seguiram, independentemente do governo em que atuaram, evidenciando que há uma rota pavimentada do campo para o Congresso, do Congresso para o Executivo. Assim também deve ser com o poder Judiciário, afim de garantir a segurança jurídica necessária ao crescimento não só do agro mas de qualquer setor.
Esse caminho que não pode ser interrompido pelas barreiras da intransigência e das rivalidades políticas. Ultrapassar os limites legais, no campo ou na democracia, traz efeitos negativos em todos os sentidos, produtivos, comerciais e de imagem. Não por acaso, algumas das principais entidades do agronegócio – como Abag, ABCZ, Abiove ou CropLife Brasil – manifestaram recentemente seu apoio ao pleno funcionamento dos poderes e à ordem constitucional.
“Inovações precisam de ambientes que respeitem as instituições democráticas, obedeçam aos processos e garantam segurança jurídica”, destacou, em nota, a CropLife, que representa a indústria de defensivos agrícolas. “O agronegócio representado pela CLB é cumpridor da lei, dedicado produtor de alimentos seguros e saudáveis, protetor dos biomas do Brasil, desenvolvedor de tecnologias que contribuem para a mitigação das mudanças climáticas, gerador de empregos e um contribuidor para a economia do país”, diz o texto.
O agronegócio responsável é desenvolvimento, progresso. É emprego e renda. Deve também, sempre, cultivar a democracia.