Por Aline Locks, CEO da Produzindo Certo
Este artigo é o primeiro da série Notícias Responsáveis que assino já agregando ao meu currículo o posto de conselheira do Instituto Capitalismo Consciente Brasil. Faço isso com orgulho e, sobretudo, com redobrada responsabilidade. Aceitei o convite da CEO do Instituto, Daniela Garcia, como uma missão: aproximar o agronegócio desse fórum que reúne algumas das melhores mentes e empresas brasileiras de diversos setores, unidas pelo propósito de transformar, para melhor, o jeito de se fazer negócios e investimentos.
O Capitalismo Consciente é parte de um movimento global com o objetivo de engajar lideranças empresariais na busca de modelos de negócios mais justos, que ofereçam ganhos aos seus acionistas, mas também às demais partes interessadas, de funcionários às comunidades e ao ambiente em seu entorno. Ao longo dos últimos anos, tem conquistado adesões importantes entre grupos industriais, de comércio e serviços e financeiros, mas não conseguiu a mesma interlocução com o mundo rural – e isso é fundamental para quem deseja qualquer transformação no ambiente de negócios no Brasil, já que pelo menos um quarto do nosso PIB depende do campo.
A distância não reflete, porém, antagonismo ou diferenças nos propósitos. Ao contrário, hoje boa parte do agronegócio brasileiro está em sintonia com as ideias discutidas e difundidas pelo Capitalismo Consciente. Empresas com gestão moderna, apoiada em sólidos modelos de governança e compliance, preocupadas com o relacionamento com trabalhadores, com a sociedade e com o meio ambiente estão longe de ser exceção no agronegócio.
Nas fazendas, produtores rurais estão cada vez mais atentos às questões socioambientais e ao legado que deixarão às futuras gerações. Entendem a grandeza de seu trabalho para alimentar, vestir e gerar energia para o mundo e sabem que só haverá perenidade para seus negócios se forem sustentáveis em sentido amplo: nos seus resultados e na preservação de seus ativos, incluindo aí solo, água e reservas nativas.
O diálogo, assim, tem tudo para ser produtivo e rico para ambos os lados. Setor de dimensões gigantescas, o agronegócio também é extremamente diverso e desigual. Há um terreno enorme para a implementação de mudanças que levem a avanços reais nos modelos de produção e de negócios.
Assim, para o agronegócio, participar de movimentos como o Capitalismo Consciente é uma oportunidade de semear e colher. Semear suas próprias experiências e histórias e colher o conhecimento e o reconhecimento de outros segmentos – algo de que muitas vezes o mundo rural se ressente. Mostrar que estamos abertos a conversar, aprender e ensinar nos traz um imediato ganho de imagem. Mas sobretudo nos permite ampliar a reflexão sobre o que pode ser melhorado e adicionado ao mundo agro, tendo como objetivo a incorporação de número maior de empresas e produtores a um agronegócio consciente.
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