Mateus Xavier chegou à Produzindo Certo em agosto de 2021, ainda como estudante de Geografia na Universidade Federal de Goiás (UFG). Ingressou na empresa como estagiário, atuando na parte de processamento, até que em março de 2022 foi contratado como analista de Sustentabilidade. Então já passou também a contribuir com a análise dos dados socioambientais e a atuar de forma híbrida, parte no escritório e parte na estrada, com uma agenda de visitas a campo.
Até que, a partir do segundo semestre daquele ano, já um geógrafo diplomado, Mateus começou a frequentar o escritório da Produzindo Certo apenas de passagem. Foi quando seu trabalho se tornou 100% estrada. De maneira mais detalhada, 100% asfalto, terra, pedregulho, poeira, lavouras, florestas e muito suor fazendo visitas e diagnósticos em fazendas de vários pontos do País.
Em meio a tudo isso, Mateus começou a descobrir o que realmente o deixa mais satisfeito nessa função. “Gosto muito de visitar as propriedades, apresentar novidades ao produtor, soluções que agregam tanto para ele quanto para mim”, afirmou. “Vejo muito no trabalho da Produzindo Certo essa oportunidade de levar informação e conhecimento ao produtor. E de viajar pelo País”, contou o goianiense de 24 anos que hoje já conhece dez estados brasileiros.
Questão de confiança
Como grande parte de quem trabalha frente a frente com o produtor rural, Mateus aprendeu bem cedo o quanto essa classe é desconfiada. Não sem motivo, pois agricultores e pecuaristas vivem recebendo contatos e visitas de gente oferecendo todo tipo de solução milagrosa para lavouras ou rebanhos aumentarem surpreendentemente a produtividade. Se tem uma coisa que não influencia resultado de fazenda é milagre e os fazendeiros estão cada vez mais blindados contra esse tipo de falácia.
Ainda que não seja essa a questão, longe, bem longe disso, a aproximação para apresentar uma boa oportunidade é um desafio. Sobretudo quando o empresário rural em foco não faz parte da Plataforma da Produzindo Certo.
“Já participei de projetos em que trabalhava com a prospecção de produtores que eram indicados por alguém já integrante da Plataforma ou algum parceiro”, disse Mateus. “E o primeiro passo é mostrar que não sou vendedor. Só depois de passar essa barreira é que apresento o projeto.”
Mesmo após uma primeira fase vitoriosa, o convencimento segue nas próximas etapas. Como durante a visita para apresentar o diagnóstico feito com as informações da fazenda no centro de processamento de dados da Produzindo Certo, em Goiânia (GO). “Explicamos detalhadamente tudo o que está sendo pedido naquele documento, mostramos que é tudo baseado na legislação, em normativas”, afirmou Mateus.
É o caso de quando o produtor tem de instalar na propriedade um reservatório de óleo diesel, combustível para o seu maquinário, por exemplo. Essa é uma determinação legal e cumpri-la não só evita problemas com a justiça como também garante benefícios para a infraestrutura e a logística da fazenda.
“Também apresentamos alguns pontos indiretos que o produtor terá na gestão”, disse Mateus. A exemplo da ficha de controle de máquinas, para que se saiba o volume de abastecimento, quanto os equipamentos estão consumindo. “No início, ele acha que é muita coisa para anotar, mas depois acaba entendendo o valor desse controle.”
Outro item é a entrega de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para os colaboradores. Se não tiver um controle disso, não sabe se entregou, o que entregou e para quem. Diante dessa situação, as pessoas passam a correr mais riscos. E se, por qualquer motivo, ocorrer algum acidente, pode haver uma série de desdobramentos negativos para todos. A começar pela segurança dos trabalhadores.
No entanto, a pergunta que Mateus mais ouve nesse contato com os produtores, para apresentar algum novo projeto, é: “O que eu vou ganhar com isso?”. No caso de qualquer profissional nessa condição, quem nunca? Para o bem de Mateus, de seus colegas de trabalho nessa posição e, sobretudo, dos fazendeiros, a Produzindo Certo está sempre buscando negociações que agreguem valor. “Toda quantia que entra a mais faz diferença. E quando a fazenda passa a ficar mais bem organizada, vale mais ainda.”
O outro lado da jornada
Quando questionado sobre o gosta de fazer nas horas livres, Mateus traz a resposta na ponta da língua: “Ultimamente, meu hobby preferido é dormir”. A frase é tão divertida quanto compreensível, pois, como descreve o analista, a rotina é pesada, principalmente por conta das coletas de amostras de solo para análise do terreno. Por mais que conte com as devidas ferramentas para realizar a tarefa, há um trabalho físico considerável.
Além disso, Mateus passa muitas horas dirigindo pelas estradas Brasil afora, ou adentro, e em grande parte da jornada a companhia é apenas musical. A playlist é bem variada, segundo o analista, mas pelo menos em 2023 um dos estilos mais presentes foi o Rap. “Ouço bastante Djonga, Orochi, Froid, Tribo da Periferia e Racionais MCs”, descreveu Mateus. “Mas também tem sertanejo.”
Quem conhece bem Mateus sabe que a preferência pelo cochilo, no momento, é só condicional, pois é um jovem bastante ativo, amante dos esportes. Sobretudo de lutas. “A partir dos dez anos, passei três fazendo judô”, contou o analista. Só parou por uma questão física – uma vértebra trincada – e assim que pôde retornou aos treinos, mas dessa vez com a natação.
A evolução o levou de volta ao tatame, com o taekwondo, modalidade na qual alcançou o primeiro dan, a faixa preta, e chegou a ser professor. “Também já treinei boxe, gosto muito. E fiz muai thay, mas não curti tanto”, disse Mateus. “Gostaria de continuar.”
Enquanto enfrenta o desafio de alinhar as agendas para retomar a prática esportiva, Mateus segue desfrutando das satisfações que encontra ao rodar pelo Brasil. E, quando retorna das jornadas pelas estradas, aproveita para curtir melhor o novo amor que descobriu dentro da própria empresa. Mas, neste caso, nada tem a ver com análises ou projetos agrícolas.