Conceito defende a harmonia entre a produção de alimentos e a proteção dos recursos naturais
Criar um ambiente sustentável entre a produção e a recuperação de recursos, como o solo, a água e a biodiversidade. Este é o objetivo da agricultura regenerativa, conceito que vem sendo adotado cada vez mais em todo o mundo.
Tornar os sistemas produtivos mais eficientes e responsáveis exige conhecimento e técnicas. O conceito da agricultura regenerativa se baseia principalmente no manejo do solo, com boas práticas agrícolas, como não revolver a terra, usar múltiplas culturas de cobertura, aplicar fertilizantes e defensivos biológicos para tratar pragas e doenças, fazer rotação de culturas, entre outros. No Brasil, o termo já é aplicado há muito tempo por meio de técnicas reconhecidas, como o plantio direto e a Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF).
Com a ajuda de especialistas da Openeem Bioscience, empresa especializada na produção de bioinsumos, trazemos a seguir exemplos práticos de agricultura regenerativa, com o objetivo de explicar melhor o tema aos produtores que tenham interesse em adotá-la na sua propriedade. Confira abaixo como o manejo do solo e a agricultura de precisão podem contribuir significativamente para a aplicação do conceito nas fazendas.
Manejo do solo e fertilidade
Dados da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), indicam que um terço dos solos do mundo estão degradados, ou seja, a sua capacidade de gerar serviços ao ecossistema, como regulação hidrológica, sequestro de carbono ou retenção de nutrientes está comprometida. Através de técnicas sustentáveis é possível aumentar a qualidade do solo e permitir que ele seja rico e produtivo. Dentre as principais técnicas estão:
- Plantio direto: O plantio direto é o cultivo sobre os restos vegetais da cultura anterior. Essa técnica evita o revolvimento do solo reduzindo os efeitos da erosão, contribuindo para uma melhor estruturação do solo.
- Rotação de culturas: A rotação de culturas é a alternância entre o que é plantado numa mesma área, evitando o desgaste nutricional do solo e seu desequilíbrio químico e biológico. Pode-se por exemplo plantar soja numa safra e depois alternar para o plantio de milho, escapando assim da prática da monocultura, prejudicial a vida e à conservação do solo.
- Integração lavoura/pecuária/floresta (IFLP): Consiste em uma técnica de rotação de culturas, porém com um caráter mais complexo. Nela o agricultor alterna o plantio de lavoura, pastagem para o gado e a utilização do componente arbóreo, maximizando os benefícios de proteção do solo.
- Retorno da matéria orgânica: Uma das técnicas essenciais é garantir o retorno da matéria orgânica no solo, porém devido ao clima tropical brasileiro os nutrientes da matéria orgânica são rapidamente absorvidos pelo solo, obrigando a utilização de fertilizantes químicos para compensar essa perda. Como principal ferramenta visando garantir essa construção do solo, plantas conhecidas como adubos verdes são fundamentais dentro do sistema. Nesse contexto se encaixam plantas preferencialmente da família das leguminosas, devido a sua baixa relação C/N.
A cobertura vegetal atua diretamente para:
- Aumentar a infiltração de água no solo;
- Diminuir a amplitude térmica do solo;
- Promover o crescimento de microrganismos;
- Promover a ciclagem de nutrientes;
- Promover aumento na CTC efetiva;
- Colaborar na diminuição da acidez potencial;
- Fornecer nitrogênio no processo de fixação biológica;
- Atuar na supressão de plantas daninhas.
Tecnologias de suporte
O intuito das tecnologias na agricultura é contribuir em todas as fases do processo, preparo do solo, pulverizações, colheita e armazenagem, proporcionando uma agricultura mais racional, precisa e sustentável. Com a tecnologia aplicada a agricultura de precisão, você consegue saber exatamente o que cada área cultivada precisa para alcançar o melhor desempenho em volume e qualidade na produção agrícola. A importância da sustentabilidade na agricultura está aumentando à medida que o setor é impactado pelo aumento dos custos de produção, flutuação de custos e preços de produtos e requisitos de segurança alimentar, bem como a demanda dos clientes por produtos mais saudáveis e de melhor qualidade.
A agricultura de precisão oferece inúmeras ferramentas que auxiliam o produtor na maximização dos recursos para uma melhor produtividade e principalmente rentabilidade. Dentre essas ferramentas podemos destacar:
- Mapeamento do solo: Permite o melhor entendimento da real necessidade de insumos dentro do talhão. A partir dessa leitura se faz a aplicação com taxa variável dos insumos (calcário, gesso e fertilizantes), garantindo uma melhor uniformidade e evitando gastos excessivos, bem como efeitos negativos no solo pela utilização exagerada de alguns desses insumos. Conhecendo a fertilidade do solo em cada ponto da sua área produtiva, você consegue corrigir o solo e aplicar insumos no local exato e na quantidade correta.
- Automatização das máquinas: Recurso fundamental na agricultura de precisão, o piloto automático proporciona inúmeros benefícios:
- Oferece precisão no planejamento de linhas de plantio, otimizando a área plantada e muitas vezes incrementando a quantidade de plantas dentro do mesmo talhão e melhorando o planejamento de curva de nível (retenção de água).
- Garante maior controle no manejo da lavoura (tráfego de máquinas, aplicações, enleiramento entre outros benefícios)
- Reduz o esmagamento das plantas e a compactação do solo
- Otimiza o trabalho na lavoura, pois permite operar por mais tempo e, também, à noite
- Pode resultar em economia de combustível
- Permite que acompanhe o desempenho das máquinas
- Amostragem foliar: Permite a identificação de deficiências nutricionais, podendo-se corrigir utilizando fertilizantes foliares a depender da necessidade de cada ponto do talhão.
- Imagens de NDVI: Proporcionam uma leitura da saúde das plantas. Trata-se de uma análise realizada com base em como uma planta reflete a luz em frequências específicas. Em uma planta saudável, a clorofila absorve fortemente a luz visível, enquanto a estrutura celular das folhas reflete fortemente a luz do infravermelho próximo (NIR). Quando uma planta se torna desidratada, doente, afetada por pragas agrícolas, etc., a planta absorve mais dessa luz infravermelha. Portanto, observar como o NIR varia em comparação com a luz vermelha fornece uma relação com a saúde das plantas. Para ser mais específico, o NDVI é uma medida da refletividade das plantas.