Produtora rural busca conformidade socioambiental e certificação para a fazenda em Balsas (MA) a partir da parceria com a Produzindo Certo
Localizada em Balsas, no Maranhão, a 20km da cidade, a Fazenda Laruna conta uma área de produção de 1.100 hectares dedicados ao cultivo de grãos: soja, milho e feijão. Um pivô central de 152 hectares garante a produção de três safras por ano.
A proprietária e administradora da fazenda é produtora rural Claudia Liciane Sulzbach, que conta com o apoio de uma equipe operacional e administrativa, além de algumas assessoras que ajudam a melhorar a produtividade e a qualidade do ambiente de trabalho.
“Desde pequena estive envolvida no agro. Já fui sócia de uma revenda de produtos agrícolas e então ingressei verdadeiramente no negócio, produzindo grãos”, conta ela, que assumiu 100% a fazenda este ano.
“Apesar de ter adquirido novas funções e ser minha primeira safra à frente de tudo, sozinha, não estou encontrando dificuldades, pois sempre estive a par de tudo que acontecia no dia a dia da fazenda”.
Conquistar uma certificação que comprove a responsabilidade socioambiental da propriedade é uma das grandes metas da sua gestão. A fazenda já realiza diversas boas práticas, como a preservação das nascentes, a destinação correta dos resíduos e embalagens vazias de defensivos agrícolas, atenção especial com as áreas de reserva e manutenção da fauna local, além da preocupação com o bem-estar e a capacitação dos colaboradores.
Mas os objetivos são muito mais ambiciosos, como produzir mais na mesma área, sem agredir o meio ambiente.
Para isso, Claudia firmou parceria com a Produzindo Certo. “Estou iniciando um lindo trabalho. Após a aceitação do projeto, já tivemos nossa primeira visita técnica para diagnóstico e com isso, após a visita, já detectamos pontos a melhorar e outros que já estão em conformidade”, comemora a produtora.
Na entrevista a seguir, ela nos conta mais detalhes sobre o projeto desenvolvido em conjunto com a Produzindo Certo, as principais metas que pretende alcançar e também fala sobre o papel das mulheres no agronegócio.
Conte um pouco da sua história do agro. Sempre trabalhou no campo? Quais suas funções na Laruna hoje?
Desde pequena estive envolvida no agro, e na vida adulta já fui sócia de revenda de produtos agrícolas. Então ingressei verdadeiramente no agro, produzindo grãos.
Esse ano assumi 100% da Fazenda Laruna, onde tomo todas as decisões e gerencio tanto o operacional quanto o financeiro. Conto com uma equipe que me entrega dados que me auxiliam na tomada de decisão, no que tange às operacionalidades e à produtividade da fazenda. Também é minha responsabilidade hoje a negociação na compra e venda de grãos, bem como na escolha dos insumos, máquinas e implementos.
Como vocês trabalham as questões de sustentabilidade? Quais as boas práticas já realizadas na fazenda?
Em 2019 participei de um projeto piloto, criado pela Corteva e ABAG, a Academia de Liderança para Mulheres do Agronegócio, e lá tive contato com outras 19 mulheres de todos Brasil, todas envolvidas no Agro. Tive o privilégio de participar de encontros com economistas, professores e palestrantes de várias áreas, em que sempre focavam na questão sustentabilidade e compromisso.
Na Laruna, preservamos as nascentes, damos o destino correto para resíduos e embalagens vazias de agrotóxicos, temos um cuidado especial com as áreas de reserva e manutenção da fauna local, nos preocupamos com o bem-estar dos colaboradores, tanto na questão de instalações quanto de alimentação. Procuramos sempre levar a eles treinamentos específicos para cada função, mas também no tocante à preservação ambiental.
Como conheceram a Produzindo Certo e qual a importância da parceria com a empresa para as metas de vocês?
Através do evento do grupo AgroMulher+ Maranhão, onde conheci a Aline (Locks, CEO da Produzindo Certo) e o Diego (Pedr’Angelo, coordenador comercial). Logo que me apresentaram o projeto fiquei muito empolgada, pois já era um sonho antigo certificar minha fazenda. Não pensei duas vezes e aceitei participar.
Estou iniciando um lindo trabalho com eles, após a aceitação do projeto, já tivemos nossa primeira visita técnica para diagnóstico e com isso, após a visita, já detectamos pontos a melhorar e outros que já estão em conformidade. Acredito que a sustentabilidade é o caminho para o futuro do agro e, no que depender da minha gestão, quanto mais projetos sustentáveis aparecerem, as portas da fazenda estarão abertas às novas ideias para melhorar nossa propriedade e também o planeta.
Quais as principais metas em sustentabilidade que vocês querem alcançar?
- Produzir mais, na mesma área, sem agredir o meio ambiente, fazendo uso de técnicas corretas para cada situação;
- Dispor de novas cultivares;
- Diminuir a distribuição de agentes nocivos dentro da propriedade;
- Conseguir cumprir com todos os pontos exigidos para sermos uma fazenda certificada;
- Poder ser modelo e incentivo para que outras mulheres administrem a sua propriedade;
- Primar pela igualdade de gênero dentro da propriedade;
- Abrir as portas da fazenda para estudantes ou pessoas interessadas em trabalhar e produzir em conformidade, utilizando boas práticas agrícolas.
O que significa produzir certo para você?
Produzir com o menor impacto ambiental, fazer uso de forma racional dos recursos naturais, e sempre estar atento à qualidade de vida de quem faz parte da cadeia produtiva.
Além da Produzindo Certo vocês têm outras parcerias em sustentabilidade?
Sim, estou iniciando uma parceria com a Fundação Solidaridad, visando produzir mais e com menos impacto, o que vem a somar com tudo que estamos implantando através da Produzindo Certo.
Você faz parte da Rede Agro Mulher +. Qual a importância de movimentos como esse, que reforçam o papel da mulher no agro?
É importante mostrar para a sociedade o quanto as mulheres estão inseridas no agro. Antes se achava que elas só tinham um papel secundário, sendo que sempre estiveram lá. Mas hoje grande parte delas está à frente dos seus negócios e os toca com maestria. Importante essa abertura para as novas gerações de mulheres que estão por vir. Estou, inclusive, inserindo no agro minha irmã, Kácia Alinne, formada em Contabilidade, que hoje é meu braço direito na parte administrativa.
A presença feminina no comando de uma fazenda ainda é alvo de questionamento?
Geralmente me perguntam se tive dificuldades ao assumir a fazenda sozinha. Não, não tive. Porque sempre estive a par dos negócios, mesmo nem sempre estando à frente, totalmente. Mas o que me ajudou muito foi ser sincera e dizer sempre que quero aprender.
Todos sempre foram e estão sendo muito solícitos comigo. E assim vou tocando meu negócio, com a certeza de estar no caminho certo. Uma pergunta que sempre me fazem é: o que significa Laruna? É a junção do nome das minhas filhas, Larissa e Bruna.