Você, produtor, está familiarizado com as letras que podem fazer diferença para qualificar a sua produção como sustentável?
ABC, PSA, RTRS… pode parecer uma sopa de letrinhas, mas essas siglas expressam um conjunto de práticas e atividades que podem confirmar o potencial do Brasil de tornar uma potência agroambiental. Bem disseminadas no mercado, essas iniciativas ajudam a dar mais visibilidade a boas práticas no campo e ajudam a atrair oportunidades de investimento.
A seguir, traduzimos alguns dos conceitos mais importantes para o produtor rural atento com os diferenciais da produção sustentável. Fique atento ao Dicionário do Agro Responsável:
PSA: Sigla para Pagamento por Serviços Ambientais. Uma comunidade ou um produtor rural que mantém recursos naturais como vegetação nativa, proteção de cursos hídricos ou restauração florestal, contribui com serviços ambientais importantes para toda a sociedade e é justo que o custo desse processo seja compartilhado. Isso ocorre por meio de Pagamentos por Serviços Ambientais.
Esse mecanismo já era previso no Código Florestal, mas a aprovação da Lei nº 14.119, em janeiro, criou a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais e deve acelerar a expansão do modelo. O PSA é uma forma de reconhecer a contribuição de produtores e comunidades rurais na proteção ambiental, e oferece um incentivo para a conservação do meio ambiente, uma ação complementar a legislação e fiscalizações.
São exemplos de serviços presados para a sociedade por meio da conservação ou restauração de ecossistemas, recarga dos aquíferos e regularidade da disponibilidade de água, sequestro de carbono e ciclagem de nutrientes.
Vale lembrar que o pagamento por serviços ambientais depende da verificação e comprovação das ações implementadas.
RTRS: a principal certificação para produtores de soja baseado em critérios socioambientais, o padrão RTRS (Associação Internacional de Soja Responsável – Round Table on Responsible Soy Association, em inglês) busca comprovar que o cultivo foi realizado em condições ambientalmente correta, com zero desmatamento ou conversão, respeito aos critérios sociais e viabilidade econômica.
A ferramenta inclui a necessidade de verificação, auditoria por órgãos independentes e cumprimento de uma série de requisitos incluindo boas práticas agrícolas, condições de trabalho e relações com as comunidades responsáveis e a exigência de zero desmatamento desde 2016, inclusive aqueles permitidos pela legislação. Os protocolos da Produzindo Certo estão aptos a verificar todos os requisitos da cerificação RTRS.
ABC: chama-se de Agricultura de Baixo Carbono um conjunto de práticas agrícolas que favorece a captura ou reduza as emissões de gases de efeito estufa (GEE). Conforme a Embrapa, entre as tecnologias que permitem esse efeito benéfico ao clima estão Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e de Sistemas Agroflorestais (SAFs), plantio direto, fixação biológica de nitrogênio, florestas plantadas e tratamento de dejetos animais para uso do setor agropecuário. O Plano ABC integra o Plano Safra, com uma linha especial de crédito para incentivo da produção em contexto de baixo emissão de carbono na agricultura e faz parte do compromisso internacional assumido pelo Brasil para a redução dos gases de efeito estufa. O tema vem ganhando cada vez mais espaço no agro, com novas estudos sobre técnicas de monitoramento das emissões de GEE na agropecuária brasileira e acompanhamento da dinâmica do estoque de carbono no solo. A Produzindo Certo participa de uma dessas iniciativas.
ILPF: a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta mescla em uma mesma área os componentes lavoura, pecuária e floresta, em sistema de rotação, consórcio ou sucessão. Bem disseminado no Brasil, de forma parcial ou completa, esse sistema muda a lógica de uso da terra, favorecendo a intensificação dos cultivos e a recuperação de áreas degradas, aumentando a produção ao mesmo tempo que reduz a abertura de novas áreas para a atividade agropecuária. Assim, o sistema traz como ganhos produtividade, redução de custos, qualidade do produto e conservação de áreas de vegetação com competitividade.
MIP: o Manejo Integrado de Pragas pode ser explicado como um estudo de viabilidade da lavoura e de integração de diferentes ferramentas de controle de infestação de pragas e doenças. Assim, o produtor pode decidir sobre as melhores soluções para seu problema, incluindo uso de inimigos naturais, uma ação precoce para prevenir ou combater no início a infestação na produção, uso de defensivos biológicos e uma aplicação mais racional de agroquímicos. O MIP foi tema de um texto da seção Faça Certo aqui no blog.
SPD: no Sistema de Plantio Direto, o agricultor não precisa revolver a terra e nem fazer o gradeamento nas áreas de cultivo, aproveitando a palha de outras culturas e adotando práticas ambientalmente corretas. Essa prática agrícola, criada há quatro décadas, ajuda a manter a saúde do solo e permite um uso mais equilibrado dos recursos hídrico, com outros benefícios como redução de emissões de carbono e de custos para o produtor quando bem aplicada. Já detalhamos essa tecnologia aqui.