Muitas empresas do agro incluíram essa expressão no seu vocabulário. Entenda o significado dela e de outros termos que podem impactar a vida do produtor rural
Grandes empresas ligadas ao agronegócio brasileiro têm divulgado suas ambições de alcançarem o status de empresas net zero em prazos que variam de 2030 a 2040, incluindo JBS, BRF e Minerva. Alcançar esses objetivos vai demandar mudanças em todos os níveis da cadeia produtiva e deve impactar também a vida do produtor rural. Mais exigências sobre rastreabilidade e comprovação de boas práticas agronômicas, por exemplo, são alguns desses efeitos.
Reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) na atividade do agro incluem eliminar o desmatamento ilegal – o processo de desmatamento libera o carbono que estava que armazenado na vegetação nativa. Outro impacto importante, diretamente relacionado à pecuária, está nas emissões de metano. O gás, também gerado pela ruminação dos bovinos, é ainda mais prejudicial para gerar efeito estufa que o dióxido de carbono (CO2).
As boas práticas agrícolas, por sua vez, contribuem para um maior armazenamento de carbono no solo e podem ter benefícios para o balanço de GEE e reduzir o impacto da atividade agro para as emissões. Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, Plantio Direto, fixação biológica de nitrogênio no solo, agricultura de precisão, recuperação de pastagens, entre outras, estão entre as práticas recomendadas nesse sentido.
Entenda, a seguir, o que querem dizer alguns dos termos mais usados nas conversas sobre as reduções de emissões de gases.
Neutralidade de carbono e Net zero – a diferença entre os dois termos é pequena, mas é enorme impacto para empresas e nações em todo o mundo. Para uma organização, atingir a neutralizada climática significa zerar as emissões próprias de GEE, que estão dentro da sua própria gestão (os chamados escopos 1 e 2 de carbono, que incluem as operações diretas e o consumo de energia elétrica, respectivamente) – ou ao mesmo reduzir suas emissões e compensar aquelas que não podem ser evitadas. No compromisso com o net zero, uma camada extra complexidade é adicionada no cálculo, uma empresa não deve adicionar mais GE na atmosfera e precisa considerar ainda as emissões por toda a sua cadeia produtiva (o escopo 3), incluindo seus clientes e fornecedores.
GEE – os Gases de Efeito Estufa são formados por formados por fenômenos naturais e pela atividade humana. Nesse último caso, o dióxido de carbono (CO2) é a fonte mais abundante geradora desses gases e o metano (CH4). O carbono é responsável por cerca de 60% do efeito estufa. As atividades que mais geram emissões são as relacionadas a queima de combustíveis fósseis, incluindo carvão mineral, petróleo, gás natural, por exemplo). Queimadas e desmatamentos agravam esse cenário por destruírem reservatórios naturais de carbono na biomassa representada pela vegetação.
Metano – embora menos representativo, com cerca de 15% a 20% do efeito estufa, o gás metano tem um potencial poluidor maior 21 vezes maior que o carbono. Ele é emitido por bactérias presentes no aparelho digestivo do gado, plantações de arroz inundadas, mineração, queima de biomassa e por aterros sanitários.
Maiores emissores de GEE – o campeão de emissões no planeta é o consumo de energia, responsável por mais de 70% dos gases de efeito estufa liberados na atmosfera. Esse consumo está relacionado ao transporte, eletricidade e geração de calor para a indústria, construção e edifícios, por exemplo. Na sequência, a agropecuária é responsável por cerca de 12% das emissões globais. No Brasil, cuja matriz energética é predominante de fonte renovável a partir das hidrelétricas, o desmatamento e a atividade agropecuária são os maiores geradores de GEE.
Créditos de carbono – o mercado de créditos de carbono parte da premissa de que empresas, organizações ou nações que reduzem suas próprias emissões para além do limite mínimo legal podem gerar créditos e comercializá-lo com empresas que não consigam fazê-lo diretamente. Ele foi criado para estimular a adoção de medidas mais eficientes para a gestão das emissões de GEE, e contribuir para financiar as medidas necessárias mitigatórias necessárias. No Basil, créditos de carbono são mais comuns no segmento da produção florestal, mas a atividade agropecuária tem potencial de ampliar sua participação. É crescente o número de pesquisas e trabalhos que buscam melhorar a contabilidade do carbono na produção do agro, buscando ferramentas e tecnologias que possam dar confiabilidade aos levantamentos e permitir aos produtos mais responsáveis obter vantagens por conta disso. A Produzindo Certo, inclusive participa de uma iniciativa em parceria com empresas e pesquisadores.