Agronegócio já é o terceiro setor que mais usa energia solar no País e novas leis e medidas anunciadas pelo Governo Federal devem estimular ainda mais o uso desta e de outras alternativas limpas
Seja pela sustentabilidade do planeta, para reduzir a dependência de outras nações ou para baratear os custos com a geração de energia, existe uma corrida mundial pela transição de uma matriz energética baseada em fontes fósseis não renováveis (petróleo, carvão mineral, gás natural), para uma que use amplamente alternativas renováveis (eólica, solar, biomassa).
Um fator que pode colaborar fortemente com esse processo, segundo especialistas, é a guerra que acompanhamos hoje entre Rússia e Ucrânia, por conta da dependência de Países europeus do gás russo. Cerca de 40% do gás importado pelo Velho Continente vem da Rússia.
Felizmente o Brasil vive uma posição privilegiada. Quase 50% da geração de energia no País vem de fontes renováveis, de acordo com dados do Ministério de Minas e Energia. A maior parte é produzida em usinas hidrelétricas, mas nos últimos anos, a geração de energia eólica e solar vem ganhando destaque.
Grande parte desse investimento em fontes limpas é feito pelo agronegócio. O setor é o terceiro que mais investe em energia solar fotovoltaica no País, por exemplo. Esse tipo de energia traz grandes benefícios aos produtores, como redução de custos.
De olho nas oportunidades que esse mercado oferece ao campo, preparamos uma lista para você conhecer algumas das principais fontes renováveis disponíveis para a geração de energia e eletricidade e com forte potencial de crescimento nos próximos anos, algumas delas inclusive dentro das fazendas. Confira:
Energia Solar: É gerada a partir do calor e da luz emitidos pelo sol. Existem dois tipos, a fotovoltaica e a térmica. A primeira é gerada a partir da conversão da luz solar diretamente em eletricidade com o uso de sistemas fotovoltaicos. Já a segunda é gerada a partir do calor do sol.
A geração de energia dentro das fazendas brasileiras, por meio de painéis fotovoltaicos, representa atualmente 13% das instalações de energia solar no Brasil. A adoção desse sistema por parte do setor deve crescer ainda mais nos próximos anos incentivada pelo acesso às linhas de crédito e pelo novo marco regulatório, sancionado pelo Governo Federal no início de 2022.
Energia Eólica: É gerada a partir da conversão da força do vento por meio de turbinas eólicas. Também é dividida em duas categorias. A energia eólica onshore, que é produzida a partir do aproveitamento do vento dos parques eólicos que estão em terra. E a energia eólica offshore, obtida ao se aproveitar a força do vento produzida em alto mar.
Bioeletricidade: Termo utilizado para a energia elétrica gerada a partir da biomassa, matéria orgânica de origem vegetal ou animal. Entre os produtos mais utilizados podemos destacar o álcool obtido da cana-de-açúcar, da beterraba, do milho e da madeira.
Em 2021, o setor sucroenergético representou quase 80% da geração de bioeletricidade ofertada à rede e representou 4% do consumo anual de energia elétrica do País, segundo dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).
Biogás: Biocombustível produzido a partir de materiais orgânicos, de origem vegetal ou animal, que são decompostos e produzem uma mistura de gases, cuja maior parte é composta de metano. Por sua vez, o biometano é um gás combustível, que pode ser aproveitado para geração de energia térmica, elétrica e como combustível veicular.
A decomposição da matéria orgânica precisa ocorrer em ambientes sem oxigênio, por isso o processo de formação do biogás é também conhecido como “digestão anaeróbica”. Essa digestão pode ser feita por meio de microrganismos. Fezes de animais, restos de comida e lodo de esgoto são alguns exemplos. A principal razão para o aumento do uso do biogás é a capacidade de tornar o que antes era um passivo ambiental em ativo energético.
Para que o biogás seja produzido, é necessária a instalação de um biodigestor. Estes equipamentos criam um ambiente anaeróbio adequado que possibilita a decomposição dos resíduos orgânicos sem a presença de oxigênio. Em razão da grande quantidade de matéria orgânica gerada no campo, os biodigestores têm sido cada vez mais adotados para reduzir custos e melhorar a gestão ambiental.
Biometano: Considerado o futuro da mobilidade sustentável, o biometano é um biocombustível gasoso obtido pela purificação do biogás que pode substituir o gás natural, o diesel e a gasolina. Pode ser usado, por exemplo, em ônibus, caminhões e tratores.
De olho nesse mercado, o Governo brasileiro acaba de lançar a Estratégia Federal de Incentivo ao Uso Sustentável de Biogás e Biometano. Um dos objetivos é estimular, com investimentos em infraestrutura e apoio fiscal, o uso do biometano como fonte energética renovável e ambientalmente sustentável ao contribuir para a redução de resíduos, para a emissão de gases de efeito estufa, aumentar a segurança energética e levar energia limpa para diferentes localidades.