Conhecer as modalidades de negócios da sua produção é o primeiro passo para saber a hora certa de vende-la
A palavra é estrangeira, mas se ouve em toda parte: commodities. A origem é da língua inglesa e o termo é utilizado para definir uma ampla variedade de produtos comercializados em grande escala nos mercados internacionais, como matéria-prima para a geração de outros produtos. Sua tradução, de forma livre, é “mercadoria”.
Commodities podem, assim, ter várias origens, inclusive o campo. Soja, milho, café, algodão, trigo, laranja, açúcar, etanol e boi gordo, por exemplo, são algumas das chamadas commodities agrícolas, aquelas que resultam da atividade agropecuária e que são negociadas em bolsas de valores e mercadorias, como a brasileira B3 ou a Bolsa de Chicago, nos Estados Unidos.
A comercialização das commodities agrícolas obedece à mais antiga das leis econômicas: a da oferta e procura. Isso significa que o preço de um determinado produto vai variar para cima sempre que houver uma demanda em alta por ele e a oferta não acompanhar na mesma escala. Já as baixas nos preços das commodities agrícolas se darão sempre que a oferta desses produtos for superior à demanda pelos compradores.
Como as commodities agrícolas são produtos de exportação, negociadas entre vendedores e compradores de diversos países, essas variações também são definidas em nível internacional, seguindo os mesmos padrões de qualidade e volume. Assim, a cotação de uma saca de soja, por exemplo, depende da oferta do grão pelos principais países produtores (Brasil, Estados Unidos, Argentina, entre outros) e a procura pelos principais importadores (como União Europeia e China). Uma quebra na safra aqui no Brasil vai impactar globalmente os preços para cima, enquanto que uma redução no volume comprado pela china pode fazer as cotações caírem.
Entender essa flutuação é tão importante quanto acompanhar as notícias vindas do mercado internacional. Isso vai ajudar o produtor em suas decisões sobre a hora certa de vender a sua safra. Uma venda feita no momento certo pode significar a garantia de lucro, sobretudo em momentos como os atuais, em que os custos de produção agrícola pressionam as margens dos produtores.
Planejar a comercialização é tão importante quanto cuidar bem da produção. E, para isso, é fundamental conhecer as modalidades disponíveis no mercado de commodities agrícolas. Confira:
Mercado à vista
O nome já diz tudo: nessa modalidade, o comprador paga à vista, no momento do fechamento da operação, e já recebe as commodities agrícolas adquiridas no volume previsto na transação.
A negociação, assim, geralmente segue o preço vigente no mercado naquele dia. É vantajosa em períodos de oscilação no mercado, quando o produtor preferir evitar o risco de baixa no futuro.
Mercado a termo
Nessa modalidade de transação, comprador e vendedor fazem um acordo de negociação para uma data futura pré-estabelecida. As partes estabelecem um preço, pré-fixado no momento da negociação, com prospecção para pagamento à vista ou a prazo.
A entrega das commodities agrícolas é feita no futuro, mas com o valor definido em concordância das partes com base no mercado atual. Neste caso vendedor e comprador se protegem de oscilações indesejadas do mercado.
Mercado futuro
Negociar no mercado futuro é como fazer uma aposta de como o mercado se comportará em alguns meses. Uma espécie de evolução dos contratos a termo, nos contratos futuros vendedor e comprador negociam valor, quantidades e datas para sua liquidação, mas não há entrega física das commodities agrícolas. As transações são feitas nas bolsas de valores.
Com os preços “travados” no contrato, o vendedor ganhará a “aposta” quando o valor acordado estiver abaixo dos praticados no mercado no momento da sua liquidação. Já o comprador será beneficiado se as cotações das commodities forem superiores aos do mercado – o que significa que ele estará pagando menos pelos produtos adquiridos.
Por ser derivada de uma negociação com commodities, essa modalidade também é conhecida como mercado de derivativos. Produtores podem atuar no mercado de para reduzir os riscos da oscilação de preço de sua produção e garantir mais previsibilidade de caixa.
Mercado de opções
No mercado de opções, que também é derivativo, as transações não envolvem diretamente as commodities agrícolas, mas os direitos de compra e venda desses produtos a um valor pré-estabelecido em uma data futura. A compra ou venda pode ocorrer em qualquer momento dentro de um prazo estabelecido entre as partes interessadas, seja em bolsas de valores ou em mercados de balcão organizados.
Barter
Outro termo importado do inglês: Barter significa permuta. Assim, de forma simplificada, essas operações são relações de troca de mercadorias entre as partes. Seu uso mais comum é na aquisição de insumos agrícolas pelos produtores. Ao invés de pagar à vista por eles, os agricultores oferecem em troca o valor correspondente em commodities agrícolas.
O barter se popularizou no Brasil nas últimas décadas e hoje engloba quase todas as principais culturas, por oferecerem benefícios tanto para quem está produzindo quanto para os vendedores de insumos. Ao entregar os insumos mediante uma entrega futuro da produção, as revendas oferecem uma espécie de “crédito agrícola” para seus clientes. Dessa forma, o produtor não precisa fazer desembolsos, fazendo o pagamento com mercadorias apenas após a colheita.
Os valores são definidos e pré-fixados no momento da negociação, garantindo previsibilidade às partes.