Com uma área de aproximadamente 2 milhões de km², o Cerrado ocupa 24% do território brasileiro e concentra milhares de espécies — 5% de toda a biodiversidade do planeta — entre plantas, aves, répteis, anfíbios, peixes, insetos e mamíferos.
É considerado a “caixa d’água do Brasil” por abrigar nascentes de rios importantes que abastecem bacias hidrográficas essenciais, como as dos rios Tocantins, Paraná e São Francisco.
O bioma é o segundo maior da América do Sul e, assim como a Amazônia, desempenha um papel essencial no enfrentamento da crise climática, contribuindo tanto para o sequestro de carbono quanto para a regulação do ciclo hídrico e a preservação da biodiversidade.
Apesar de sua importância ambiental, o Cerrado enfrenta grandes desafios. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, cerca de 50% de sua área original já foi desmatada. Esse cenário intensifica a necessidade de soluções inovadoras que conciliem a preservação do bioma com o crescimento econômico.
Produção responsável
Nesse contexto de desenvolvimento sustentável, o Projeto Soja no Cerrado – Produtores em Foco, da Produzindo Certo, é um exemplo de como a iniciativa privada pode contribuir para a preservação e a produção responsável no bioma.
A iniciativa, que conta com a parceria do Soft Commodities Forum (SCF) — grupo que reúne as principais traders globais de soja: ADM, Bunge, Cargill, COFCO International, Viterra e Louis Dreyfus Company — já tem 105 fazendas cadastradas em seis estados do país (BA, MA, MT, TO, GO e MG). Apenas o Piauí, que também é atendido pelo projeto, ainda não tem fazendas participantes.
O projeto oferece assistência técnica especializada para a adequação socioambiental de propriedades da região do Cerrado e adesão gratuita à Plataforma Produzindo Certo (PPC), que gera de forma automatizada e rápida um diagnóstico detalhado da situação de cada fazenda.
O objetivo é aliar o aumento da produtividade com a conservação ambiental, além de valorizar e ampliar as boas práticas que já são aplicadas pelos produtores, como o plantio direto, rotação de culturas e a recuperação de áreas degradadas.
Dessa forma, os produtores conseguem não apenas melhorar seus resultados financeiros, com a obtenção de novas certificações e acesso a mercados mais exigentes, como também contribuem para a proteção do Cerrado.
O sucesso de projetos como esse demonstra que é possível aumentar a produção agrícola no Cerrado sem comprometer sua biodiversidade. A adoção de práticas sustentáveis e tecnologias inovadoras é o caminho para garantir a preservação do bioma e, ao mesmo tempo, atender à crescente demanda por alimentos.
O papel da pesquisa e da tecnologia
Nos últimos anos, o uso de tecnologias e pesquisas tem transformado a região em uma das mais produtivas do país. A Embrapa tem sido uma das protagonistas nesse processo, desenvolvendo soluções que visam aumentar a produtividade agrícola de forma sustentável.
A introdução de sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), o uso de drones para monitoramento e a adoção de sementes geneticamente modificadas são exemplos que ampliam a eficiência e a sustentabilidade no manejo das áreas produtivas.
As inovações desenvolvidas pela Embrapa possibilitaram que a região do Cerrado se tornasse um celeiro da produção de alimentos, responsável por 60% de toda a produção agrícola do Brasil, incluindo culturas como soja, milho e algodão.
Além disso, o bioma se destaca como o centro da expansão da agricultura de precisão, com técnicas modernas de manejo de solo e controle de pragas para otimizar recursos e minimizar impactos ambientais.
O Cerrado é vital para o desenvolvimento econômico e ambiental do Brasil, e sua preservação é fundamental. A integração de tecnologia e sustentabilidade nas práticas agrícolas é essencial para garantir um futuro onde o aumento da produção não signifique a degradação do meio ambiente.
E o Dia Nacional do Cerrado é uma oportunidade para refletirmos sobre como continuar a desenvolver o bioma de forma equilibrada e garantir sua preservação para as gerações futuras.