Representando 11,8% do volume de crédito empreendido em operações realizadas pelas instituições do Sistema Financeiro Nacional (SFN), o Crédito Rural possui papel de destaque na agenda estratégica do Banco Central.
Um dos pilares da instituição é zelar por um sistema financeiro sólido e eficiente. “Diante das implicações que cenários climáticos extremos podem exercer sobre os preços dos alimentos (incluindo no longo prazo), e consequentemente da inflação e solvência do sistema, aumenta-se a necessidade de uma agenda de transformação, capaz de monitorar e mitigar riscos”, explica o CFO da Produzindo Certo, Thiago Brasil.
Desta maneira, com o crescimento da demanda por práticas agrícolas mais sustentáveis, os critérios socioambientais passaram a desempenhar um papel cada vez mais relevante na concessão de crédito rural, inclusive com poder de veto.
Hoje, produtores que investem em preservação ambiental, gestão eficiente de recursos e responsabilidade social já encontram um diferencial competitivo na busca por financiamentos.
Além das exigências de conformidade, novas ferramentas têm sido desenvolvidas para agregar sustentabilidade às operações financeiras.
Nesse sentido, o chamado Bureau Verde do crédito rural, do Banco Central, tem representado um avanço importante. O sistema permite que as instituições financeiras verifiquem critérios socioambientais na concessão de financiamentos destinados a agricultores e pecuaristas.
Essa verificação é possível a partir da integração de sete bases de dados do governo (como Ibama, Funai e Incra) para checar, online e em tempo real, se a área a ser financiada está em dia com as obrigações legais e se atende aos requisitos de sustentabilidade.
Só no primeiro semestre deste ano, o Banco Central evitou a liberação de R$ 726 milhões em crédito rural devido a irregularidades ambientais ou sociais, de acordo com dados do Relatório de Riscos e Oportunidades Sociais, Ambientais e Climáticos do Banco Central, divulgados pelo Capital Reset.
Ainda segundo a reportagem, além das operações bloqueadas, o “birô verde” evitou a efetivação de outras 30,6 mil tentativas de registro de crédito rural com inconsistências no CAR, que totalizam R$ 6,3 bilhões.
Desde 2020, o sistema de verificação já vetou mais de 2,2 mil operações devido ao não atendimento aos critérios socioambientais exigidos para a concessão de crédito rural. Esses financiamentos, somados, ultrapassariam R$ 1 bilhão.
“Com o avanço da tecnologia, e aumento na capacidade de cruzamento de dados, a tendência é que a diligência na alocação e liberação dos recursos se torne ainda mais eficiente”, reforça Brasil.
“Além disso as operações aprovadas serão monitoradas durante toda a vigência, zelando pelo cumprimento das condições pactuadas, e sujeitas a multas em caso de descumprimento”, complementou.
Nesse contexto, o Bureau Verde do Banco Central promove não apenas maior transparência e segurança nas concessões, mas também reforça a importância de aliar desenvolvimento econômico à preservação ambiental.
Com isso, produtores que investem em conformidade ambiental e gestão sustentável se destacam em um mercado cada vez mais atento às boas práticas, consolidando o crédito rural como um instrumento de transformação para um agro mais responsável e competitivo.