Você já está familiarizado com a COP do Clima, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas. A próxima, inclusive, a COP 30, está prevista para ser realizada em Belém, no Pará, entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025.
No entanto, a COP que está dando o que falar atualmente é outra. É a 16ª edição da Conferência da Biodiversidade da ONU, que está programada para ocorrer de 21 de outubro a 1º de novembro, em Cali, na Colômbia.
O país vizinho assumiu a responsabilidade de sediar o evento após a Turquia desistir da empreitada, por conta dos terremotos que abalaram seu território em fevereiro de 2023.
A expectativa é de que essa COP receba representantes de 196 países e apresente propostas para a implementação do Marco Global da Biodiversidade (MGB), considerado o “Acordo de Paris da Natureza” e fruto da COP15, realizada há dois anos, em Montreal, no Canadá.
O MGB estabelece 23 metas a serem a serem alcançadas até 2030, com o intuito de frear a perda de biodiversidade e promover sua recuperação.
As metas visam ainda preservar ecossistemas para um desenvolvimento sustentável, garantir a remuneração justa a países e comunidades tradicionais pelo uso de recursos genéticos e assegurar a disponibilidade de recursos financeiros necessários para sua implementação.
A partir desses compromissos assumidos no documento, os países signatários precisaram agora apresentar suas metas individuais, as chamadas Estratégias e Planos de Ação Nacionais para a Biodiversidade (NBSAPs, na sigla em inglês).
O financiamento global da proteção da biodiversidade também terá destaque durante a COP16. A meta é mobilizar anualmente US$ 200 bilhões até 2030. Os recursos devem vir de entidades públicas e privadas. Mas, assim como na COP do Clima, não será um tema de fácil negociação entre as maiores economias e as nações em desenvolvimento.
Como um dos países mais ricos em biodiversidade no mundo, o Brasil deve não apenas acompanhar de perto as discussões da COP16, mas participar ativamente, uma vez que o tema está diretamente relacionado ao futuro de vários setores, como o agronegócio.
Proteger a biodiversidade não é apenas uma questão ambiental, mas também estratégica para a sustentabilidade da produção agrícola, já que ecossistemas saudáveis ajudam a manter a fertilidade do solo, controlar pragas e garantir a polinização de diversas culturas, como soja e café.
Além disso, o Brasil tem potencial para assumir uma posição de liderança nas negociações, contribuindo com soluções que aliem alta produtividade à conservação ambiental.
O envolvimento do país é essencial para que os interesses do setor agropecuário sejam considerados nas decisões globais, especialmente em questões como o uso e a repartição de benefícios de recursos genéticos, que podem impactar cadeias produtivas e a competitividade do agronegócio.
Por fim, acompanhar as metas e regulamentações definidas na COP16 permite ao setor agro brasileiro se antecipar às exigências dos mercados internacionais, agregando valor à produção e consolidando o país como referência em produção sustentável.
Isso fortalece a imagem do Brasil e abre novas oportunidades de negócios, ao demonstrar que é possível unir o desenvolvimento agrícola e a conservação da biodiversidade.