Além do diagnóstico socioambiental, 123 produtores terão assistência técnica e apoio financeiro para fazer adequações e até suporte para certificação internacional
Nos últimos meses as equipes da Produzindo Certo e da Aliança da Terra estiveram em campo visitando diversos municípios de Mato Grosso para cadastrar pequenos e médios produtores de soja interessados em adequar suas propriedades aos melhores padrões socioambientais e alcançar certificação internacional para atender novos mercados.
Além de ultrapassar a meta inicial, que era de 120 propriedades, a equipe fez até um cadastro reserva de produtores que têm interesse em participar da iniciativa quando houver uma nova oportunidade. “Neste momento a gente não consegue adicionar novas pessoas, mas quem sabe no futuro a gente consiga abrir novas vagas”, disse Caroline Nóbrega, gerente geral da Aliança da Terra, organização responsável pela coordenação do projeto.
Cerca de 40 propriedades dos municípios de Campos de Júlio e Planalto da Serra foram inscritas na primeira fase do projeto, iniciada no final de 2020. Com as novas 123 que entraram no projeto, a iniciativa já está presente em cerca de 15 municípios matogrossenses.
O objetivo principal é ampliar a produção responsável de soja na região. Os produtores selecionados serão beneficiados por uma parceria internacional que envolve o governo de Mato Grosso por meio da iniciativa REDD Early Movers do estado do Mato Grosso (REM-MT), além do Instituto PCI e as seis principais traders globais de soja – ADM, Bunge, Cargill, COFCO International, Viterra e Louis Dreyfus Company –, reunidas no Soft Commodities Forum (SCF). A Produzindo Certo é responsável pela execução das ações junto aos produtores, dentro do programa Movimento #EuProduzoCerto.
Próximos passos
Passada a fase de seleção, o trabalho está concentrado agora na realização dos diagnósticos socioambientais das propriedades. “Neste momento estamos na fase de processamento de dados. Todas as informações que foram coletadas estão sendo processadas no escritório. Estamos com uma equipe grande da Produzindo Certo fazendo todo levantamento dos passivos, esse diagnóstico mesmo. Em breve a gente vai retornar com as nossas equipes para campo para a entrega dos diagnósticos para cada proprietário e juntos traçar os planos de adequação”, explica a gerente geral da Aliança da Terra.
Os produtores terão assistência técnica para fazer as adequações e também poderão contar com investimentos de até R$ 30 mil no sistema de contrapartida. Para cada real investido pelo proprietário, seja na recuperação de uma Área de Proteção Permanente (APP), em uma reserva legal ou na reforma de um tanque de combustível, por exemplo, o projeto investe mais um real.
“Até agora cinco produtores já receberam recursos para investir. Tivemos aquisição de tanque de combustíveis, reforma de pastagem. Nas próximas semanas, com a entrega dos diagnósticos e assinatura dos compromissos de adequação, aí a gente deve entrar em uma fase mais pesada de investimentos do projeto”, conta Caroline Nóbrega. Estão disponíveis aproximadamente R$ 1,3 milhão para serem investidos até o final do ano.
“O que a gente espera é a adequação desses produtores, melhorar a produtividade nessas áreas, melhorar a gestão, levar maior conhecimento e ter mais segurança no processo produtivo desses produtores”, destaca a gerente operacional da Produzindo Certo, Cristhiane Simioli.
E não para por aí. Outra grande meta do projeto neste ano, além da ampliação do número de fazendas beneficiadas, é que será feita uma avaliação das propriedades que tenham a possibilidade de alcançar a certificação RTRS, referência internacional para a produção de soja responsável.
Com essa certificação, os produtores ficam aptos a vender a produção para mercados mais exigentes, como o europeu, e até mesmo buscar ofertas que premiem a produção responsável com cotações mais altas pela soja vendida.
“Além de fazer parte da Plataforma Produzindo Certo, receber assistência técnica e a possibilidade de acessar esse recurso, a gente vai fazer uma avaliação das propriedades que já estão no projeto para identificar as que têm maior aptidão para a certificação RTRS. A gente espera incluir até 25 propriedades nesta certificação até o final do ano”, completa a gerente geral da Aliança da Terra.