Mudar é sempre difícil, mesmo quando é para melhor. Exige incorporar novos hábitos, investir tempo e recursos, correr riscos e dar tempo para que as mudanças surtam efeitos.
Decisões individuais, nesse sentido, já são penosas. Em larga escala, demandam agendas convergentes e esforço coletivo, algo nem sempre simples de se obter.
Percebe-se, assim, o tamanho do desafio em se implantar conceitos como o da Agricultura Regenerativa em larga escala. Não parece complexo se compreender os benefícios da adoção de um conjunto de práticas que têm como objetivo restabelecer condições orgânicas do solo, levando a uma melhor produtividade em harmonia com o meio ambiente.
Na prática, as inúmeras experiências que têm sido feitas ao redor do mundo apontam para uma realidade: a proposta é bem-vinda, mas é preciso bem mais que vontade individual para fazer dela um padrão do setor agropecuário.
Um produtor ou uma empresa, sozinhos, não promovem uma transformação, pelo menos não no ritmo que se espera – e que o mercado demanda.
Na boca de muitos, a Agricultura Regenerativa é realidade de poucos. Isso, em grande parte, porque sua adoção exige recursos e, sobretudo, conhecimentos múltiplos. Não há, nos universos corporativo e agropecuário, quem some competências suficientes para promover projetos em larga escala.
Não por acaso, portanto, o que se vê hoje ao redor do mundo, é a formação de parcerias entre empresas com perfis complementares, buscando reunir especializações que permitam oferecer aos produtores, além de estímulo, tecnologia, assistência técnica, mercados e incentivo para sua produção responsável.
A Agricultura Regenerativa avançará mais rápido à medida em que se formem consórcios, com múltiplos stakeholders atuando de forma coordenada, cada um com seu papel. Um comitê técnico deve desenvolver critérios ao mesmo tempo amplamente aceitos e localmente aplicáveis.
Regenerar significa compreender e respeitar as características de cada região e seus produtores. Acessá-los e conversar com eles de forma clara é outro desafio que não se vence apenas com dinheiro. Também essa função precisa estar prevista e valorizada na formação das parcerias.
Nos próximos dias, a Produzindo Certo participará do lançamento primeiro consórcio de Agricultura Regenerativa da América Latina. Será um dos elos, ao lado de grandes grupos como Bayer, BRF, Agrivalle e Gapes. E, é claro, os produtores.
A iniciativa começa com grandes ambições, com um modelo que pode ser replicado através de clusters adaptados a cada paisagem. Através da soma, vamos multiplicar para causar impacto e, verdadeiramente, transformar.