As correntes das águas dos rios gaúchos, impulsionadas pelas volumosas chuvas que caíram sob diversas regiões do Rio Grande do Sul, deixaram um triste rastro de destruição, levando vidas e esperanças.
Pelo menos temporariamente, também derrubaram algumas barreiras que costumam apartar, em lados distantes, os mundos rurais e urbanos. Sob a lama caudalosa, ficou impossível precisar onde um começa e outro termina.
A tragédia une os dois universos que, muitas vezes, não se conhecem nem se conversam. Nos municípios agroindustriais do Estado – grande produtor de grãos e proteína animal, além de contribuir com importante fatia na produção de máquinas agrícolas e silos, entre outros itens relevantes da pauta do agronegócio – a relação é mais próxima.
À medida em que as zonas urbanas se encorpam, porém, o ambiente rural fica distante, como se não estivessem umbilicalmente ligados. Um alimenta o outro.
A natureza se encarrega de lembrar que somos todos parte de um todo e que as ações de um lado impactam em reações de outro. O termo meio ambiente, por exemplo, em algum momento foi associado apenas a áreas verdes e visto como uma responsabilidade de quem vive perto ou dentro delas.
Nas cidades, o meio ambiente tem outras cores e seus tons se refletem na forma como a natureza reage, gerando bolsões de calor, ocupando áreas de várzea que deveriam servir para acomodar as cheias regulares dos cursos d’água.
O marrom da lama, visto nas impactantes imagens aéreas, ignora fronteiras e propõe um pacto regenerativo. Nas releações, nas ações, na compreensão mútua, que ajude a reconstruir as vidas abaladas e o futuro de quem vive no campo e nas cidades.
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