Cerca de 40% da produção agrícola mundial é perdida anualmente devido ao ataque de pragas, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Os prejuízos são bilionários e as perdas afetam principalmente as populações mais pobres.
Diante desse cenário, o uso de defensivos agrícolas, em especial em países de clima tropical como o Brasil, é indispensável. E a pesquisa tem aprimorado o desenvolvimento dos agroquímicos, tornando-os mais modernos e sustentáveis.
Em paralelo, outras técnicas e tecnologias têm sido integradas às estratégias de combate e controle de pragas e doenças nas lavouras, seja para diminuir os impactos ambientais do uso dos defensivos, reduzir os custos de produção ou aumentar a eficiência no campo.
Por isso, nessa edição do Faça Certo destacamos seis técnicas que ajudam a reduzir o uso de defensivos agrícolas e ainda geram diversos benefícios para a agropecuária.
1 – Boa nutrição das plantas
Plantas com a correta nutrição são mais fortes para enfrentar inimigos, como pragas e doenças, e, dessa forma, exigem menor uso de agroquímicos. É importante destacar que essa nutrição deve ser equilibrada, ou seja, a aplicação dos fertilizantes deve ser feita na dose certa, pois o excesso também pode trazer problemas para o cultivo. Nesse caso, o uso da análise de solo é essencial.
2 – Controle biológico
Consiste no controle de pragas agrícolas e de insetos transmissores de doenças a partir do uso de inimigos naturais, que podem ser outros insetos benéficos, predadores, parasitóides ou microrganismos, como fungos, vírus e bactérias. Vale destacar que esses inimigos naturais não deixam resíduos nos alimentos e são inofensivos ao meio ambiente e à saúde da população.
3 – Cultivo protegido
Em algumas culturas, o uso de estruturas artificiais, como estufas, pode gerar diferentes graus de proteção aos cultivos e criar um ambiente mais controlado de produção. É preciso escolher o material e a estrutura mais adequada para cada atividade. É uma tecnologia que representa um alto investimento de instalação, mas pode demonstrar bastante eficiência a longo prazo na redução do uso de defensivos.
4 – Manejo Integrado de Pragas (MIP)
Trata-se de um conjunto de técnicas sustentáveis que ajuda a prevenir ou controlar o surgimento de pragas na agricultura. De acordo com a Embrapa, tem como objetivo reduzir a população de insetos prejudiciais na lavoura e mantê-la abaixo do nível de dano econômico. Dentre os impactos de não se usar o MIP pode-se destacar: a eliminação dos inimigos naturais com consequentes surtos de pragas secundárias; ressurgência e o aparecimento de novas pragas, devido ao desequilíbrio agroecossitêmico; e seleção de pragas resistentes aos inseticidas e acaricidas.
5 – Rotação de culturas
É um método que alterna, de maneira planejada, o plantio de diferentes culturas em uma mesma área agrícola em um período determinado. Entre as principais vantagens, essa técnica ajuda a melhorar a fertilidade do solo, aumenta a produtividade e diminui a incidência de pragas, doenças e plantas daninhas, o que, consequentemente, reduz a necessidade do uso de agroquímicos.
6 – Uso eficiente e consciente dos defensivos
Algumas práticas podem comprometer a eficácia dos defensivos agrícolas, por isso é importante estar atento a alguns cuidados. É importante não usar de forma indiscriminada os produtos, uma vez que isso gera redução dos resultados positivos ao longo do tempo. Outro ponto de atenção é evitar a deriva no momento da aplicação, ou seja, que o produto seja deslocado pelo vento, por exemplo, o que causa desperdício e danos ambientais. Além dos devidos cuidados ao realizar misturas – importante saber se a combinação dos produtos está correta – e com a qualidade da água que será utilizada na pulverização.
Fontes: Portal Embrapa, CropLife Brasil e Brasil Escola